Esta não é uma FIC, é o seguindo capítulo escrito pela própria Stephanie Meyer que vazou na internet.
Livro Aberto
Eu inclinei as
costas contra o banco fofo com neve, deixando o pó seco se refazer em volta de
meu peso. Minha pele esfriou para se igualar ao ar envolta de mim, e os
pequenos pedaços de gelo pareciam como veludo embaixo da minha pele. O céu
acima de mim estava limpo, brilhante com estrelas, ficando azul em algumas
partes, e amarelo em outras. As estrelas apareceram majestosamente, em formas
redondas contra o universo negro -uma maravilhosa vista. Requintadamente
bonita. Ou melhor, deveria ter sido requintadamente. Teria sido, se eu pudesse
vê-las.
Eu não estava
ficando nada melhor, já haviam se passado seis dias, seis dias que eu estava
escondido no vazio deserto Denali, mas eu não estava nem perto da liberdade desde
o primeiro momento em que fui preso pelo seu perfume. Quando eu olhei para o o
céu estrelado, era como se tivesse uma obstrução entre meus olhos e a beleza
dele. A obstrução era um rosto, um rosto humano pouco notável, mas eu não
parecia poder baní-lo da minha mente.
Eu ouvi os
pensamentos aproximando-se antes de ouvir os passos que os acompanhavam. O som
do movimento era apenas um desfalecido suspiro contra o pó. Eu não estava
surpreso que Tanya havia me seguido até aqui. Eu sabia que ela estava refletindo
sobre esta conversa pelos últimos dias, adiando até que ela estivesse exatamente
certa do que ela queria dizer. Ela apareceu há uns 54 metros, pulando até a
ponta de uma rocha escura à vista, balançando-se nas solas dos pés A pele de
Tanya estava cinza na luz das estrelas, os seus cabelos louros brilhavam
palidamente, quase rosa com mechas avermelhadas. Seus olhos amarelados
brilharam rapidamente quando ela olhou para mim, meio enterrada na neve, e seus
lábios se esticaram lentamente formando um sorriso. Delicadamente. Se eu
pudesse vê-la. Eu suspirei. Ela agachou até a ponta da rocha, as pontas de seus
dedos tocando a rocha, o corpo dela girou.
“Bola de neve.”, ela pensou.
Ela se lançou
no ar, sua forma tornou-se escura, uma sombra giratória na medida que ela girava
entre mim e as estrelas. Ela se curvou até uma bola, assim que ela tocou a a
pilha do banco de neve junto à mim. Um nevoal caiu em cima de mim. A estrelas
ficaram pretas, e eu estava enterrado, coberto de cristais de gelo. Eu suspirei
de novo, mas não me movi para me desenterrar. A escuridão abaixo da neve não
podia piorar e nem melhorar a visão. Eu ainda via o mesmo rosto.
– Edward?
– E depois a neve voava de novo, assim
que Tanya me desenterrou rapidamente. Ela limpou o pó do meu rosto imóvel, não
totalmente olhando em meus olhos.
– Desculpa. – Ela murmurou. – Foi uma piada.
– Eu sei. Foi
engraçado. – Sua boca deformou para
baixo.
– Irina e Kate
falam que eu deveria te deixar em paz. Elas acham que eu te incomodo.
– Não mesmo. – Eu assegurei à ela. – Pelo contrário,
sou eu quem está sendo rude ... abominavelmente rude. Eu sinto muito.
“Você está indo para casa, não está?”,
Ela pensou.
– Eu ainda..
não me decidi… totalmente.
“Mas você não vai ficar aqui.”, Seu pensamento era melancólico agora,
triste.
–Não. Isso não
parece estar… ajudando.
– É minha
culpa, não é? – Ela fez uma careta.
– Claro que não. – Eu menti rapidamente.
– Não seja
cavalheiro. – Ela disse e eu sorri.
– Eu faço você
se sentir desconfortável. – Ela acusou.
– Não.
Ela levantou
uma sobrancelha, sua expressão estava tão descrente que eu tive que rir. Um curto
riso, seguido por outro suspiro.
– Está bem. – eu admiti. – Um pouco.
Ela suspirou
também e colocou o seu queixo sob suas mãos. Seus pensamentos estavam mortificados.
– Você é mil
vezes mais amável do que as estrelas, Tanya. É claro que você é bem consciente
disso. Não deixe a minha teimosia minar a sua confiança. – Eu ri com a impossibilidade disso.
– Eu não estou acostumada com a rejeição. – Ela grunhiu, seu lábio inferior se pôs para
fora em um atraente beicinho.
– Certamente
não. – Eu concordei, tentando sem muito
sucesso bloquear os seus pensamentos enquanto ela se aprofundava por dentre
suas milhares de conquistas. Em sua maioria, Tanya preferia os homens humanos -
eles eram muito mais populares para uma única coisa, com a vantagem de serem
suaves e quentes. E sempre sedentos, definitivamente.
– Succubus. – Eu soltei, na esperança de interromper as imagens que surgiam em sua mente.
Ela sorriu,
mostrando seus dentes. “A original.” Diferente
de Carlisle, Tanya e suas irmãs descobriram suas consciências lentamente. No final,
foi o afeto pelos homens humanos que colocaram as irmãs contra o massacre. Agora
os homens que elas amaram… viveram.
– Quando você
apareceu aqui. – Tanya disse lentamente.
– Eu pensei que…
Eu sabia o que
ela tinha pensado. E eu devia saber que ela ia se sentir assim. Mas eu não estava
no meu melhor momento racional naquela hora..
– Você pensou
que eu havia mudado de idéia.
– Sim. –
Ela me olhou com cara feia.
– Eu me sinto horrível por brincar com as suas
expectativas, Tanya. Eu não queria - Eu não
estava
pensando. É que eu saí… com um pouco de pressa.
– Eu imagino que você não vai me contar o
porque…?
Eu me sentei e
enrolei meus braços ao redor das minhas pernas, me curvando defensivamente. “Eu não quero falar sobre isso.” Tanya,
Irina e Kate se adaptaram muito bem à vida que elas se comprometeram. Melhor, em
algumas maneiras, até do que Carlisle. Apesar da proximidade insana que elas se
permitiram a aqueles que deviam ser - e uma vez foram - suas presas, eles não cometeram
erros. Eu estava muito envergonhado em admitir minha fraqueza para Tanya.
– Problemas com
mulheres? – Ela perguntou ignorando minha relutância.
Eu dei um
sorriso obscuro “Não do jeito que você
quer dizer”. Então ela ficou quieta. Eu escutei seus pensamentos enquanto
ela os mudava, tentando decifrar o significado de minhas palavras.
– Você não está
nem perto. – Eu a avisei.
– Uma dica? –. Ela me perguntou.
– Por favor,
esqueça isso, Tanya.
Ela estava
quieta de novo, especulando. Eu a ignorei tentando, em vão, admirar as estrelas.
Ela desistiu depois de um momento de silêncio e seus pensamentos tomaram outra
direção.
– Se você nos
deixar, pra onde você vai, Edward? De volta pro Carlisle?
– Eu não acho que seja possível. – Eu suspirei.
Pra onde eu
iria? Eu não podia imaginar um lugar em todo o planeta que fosse me interessar.
Porque não importa para onde eu fosse, eu estaria indo para lugar algum – eu estaria
apenas fugindo. Eu odiava isso. Quando eu me tornei tão covarde? Tanya colocou
seus braços sobre os meus ombros. Eu enrijeci mas eu não tirei seu braço dali.
Ela queria dizer que não havia nada como o apoio de um amigo. Praticamente.
– Eu acho que
você vai voltar. – Ela disse com sua voz
pegando um pouco do seu sotaque
russo. – Não importa o que seja ou quem seja que está machucando
você. Você vai enfrentar isso. Você é esse tipo.
Seus
pensamentos estavam de acordo com as suas palavras. Eu tentei abraçar a visão
de mim que ela carregava em sua cabeça. Aquele que enfrenta as coisas de cabeça
levantada. Eu nunca duvidei de minha coragem, minha habilidade de enfrentar
situações adversas. Até aquela aula terrível de biologia há pouco tempo atrás.
Eu beijei sua
bochecha, voltando rapidamente quando ela torceu seu rosto em direção ao meu.
Seus lábios já enrugados. Ela sorriu da minha rapidez.
– Obrigada, Tanya.
Eu precisava ouvir isso.
Seus
pensamentos tornaram-se petulantes “De
nada, eu acho. Eu gostaria que você fosse mais racional sobre as coisas,
Edward.”
– Me desculpe,
Tanya. Você sabe que é boa demais para mim. Eu apenas… não achei o que
eu estou
procurando ainda.
– Bom, se você
for embora antes de eu te ver de novo. Tchau,Edward.
– Tchau, Tanya. – Enquanto eu falava as palavras, eu pude ver isso. Eu podia me ver
saindo de lá, de volta para o lugar onde eu gostaria de estar. – Obrigada -
de novo.
Ela estava em
pé num movimento. E depois ela tinha saído, desaparecendo entre a neve. Ela não
olhou para trás. Minha rejeição a deixou mais incomodada do que ela já tinha ficado
antes, até em seus pensamentos. Ela não queria me ver antes de partir. Meus
lábios se contorceram com desapontamento. Eu não gostava de machucar a Tanya, apesar
de seus sentimentos não serem tão profundos e dificilmente puros. De todos os modos
não era algo que eu poderia corresponder. E eu continuava me sentido menos gentil.
Eu coloquei meu
queixo no meu joelho e olhei para as estrelas novamente mesmo estando de
repente ansioso para voltar ao meu caminho. Eu sabia que Alice me veria
voltando para casa e contaria aos outros. Isso os faria feliz - principalmente
Carlisle e Esme. Mas eu admirei as estrelas mais uma vez e tentando ver passado
na minha cabeça. Entre eu e o as luzes brilhantes no céu um par de olhos
castanhos confusos voltando para mim, me fazendo perguntar o que essa decisão
significaria para ela.
É claro, eu não
poderia ter certeza que era isso que seus olhos curiosos procuravam. Nem na
minha imaginação eu conseguia ouvir seus pensamentos. Os olhos de Bella Swan continuavam
questionando e uma não obstruída visão das estrelas continuou a me invadir. Com
um leve suspiro, eu desisti. Se eu corresse, eu estaria de volta ao carro do
Carlisle em
menos de uma
hora. Numa pressa para ver minha família - e para voltar a ser aquele Edward
que enfrenta as coisas - eu destruí o iluminado de neves não deixando marcas de
pés.
– Tudo ficará bem. – Alice encorajou.
Seus olhos
estavam sem foco e o Jasper tinha uma mão sob seu cotovelo, a guiando enquanto
entrávamos na cafeteria num grupo fechado. Rosalie e Emmett tamparam o caminho,
Emmett ridículo como um guarda costas no meio do território inimigo. Rose
parecia preocupada também porém bem mais irritada do que protetora.
– Claro que
ficará. – Eu grunhi.
O comportamento
deles era burlesco. Se eu não tivesse certeza de que agüentaria esse momento,
eu teria ficado em casa. A repentina mudança para o nosso normal mesmo na
lúdica manhã - havia nevado ontem à noite e Emmett e Jasper tirando vantagem da
minha distração para me bombardear com bolas de neve; quando eles se cansaram
da minha falta de resposta eles se viraram um para o outro - esse excesso de
vigilância teria sido cômica se não fosse tão irritante.
– Ela não está
aqui ainda, mas ela virá. Ela não desconfiará se nós sentarmos no lugar de
sempre.
– Claro que nós
vamos sentar no lugar de sempre! Pare com isso Alice. Você está me dando nos nervos.
Eu ficarei absolutamente bem.
Ela piscou seus
olhos uma vez enquanto o Jasper a ajudava a se sentar e seus olhos
finalmente se
focaram em minha face.
– Hmm…– Ela disse, parecia surpresa. –Acho que
você está certo.
– Claro que eu
estou! – eu murmurei.
Eu odiava estar
no foco da preocupação deles. Eu senti uma certa solidariedade por Jasper lembrando-me
das inúmeras vezes que nós o superprotegemos. Ele percebeu de relance meus
sentimentos e sorriu.
– Irritante,
não é? – Eu consenti para ele.
Foi apenas
semana passada que esse grande e pardo aposento parecia mortalmente depressivo
para mim? Pareceria quase como um sonho, um coma estar aqui? Hoje meus nervos
estavam firmes - conexões de pianos, intensamente tocados a leves pressões.
Meus sentidos estavam hiper alertas, eu vistoriei cada som, cada suspiro, cada movimento
do ar que tocaram minha pele, cada pensamento. Especialmente os pensamentos. Só
havia um sentindo que eu me recusei a usar. Olfato, é claro. Eu não respirei.
Eu estava
esperando escutar mais sobre os Cullen nos pensamentos do que realmente aconteceu.
Todo o dia eu estive esperando, procurando por cada novo pensamento sobre Bella
Swan ter confessado, tentando ver que direção a nova fofoca que seguiria. Mas
não tinha nada. Ninguém notou que havia 5 vampiros no refeitório, exatamente
como antes da nova garota entrar. Muitos humanos aqui ainda estavam pensando
sobre aquela garota, os mesmos pensamentos da semana passada. Em vez de estar
inalteravelmente entediado, eu estava fascinado. Ela não tinha falado nada para
ninguém sobre mim? Não tinha nenhuma chance de que ela não tivesse percebido
meu obscuro, assassino brilho. Eu a vi reagir a isso. Óbvio, eu assustei aquela
tola. Eu estava convencido de que ela havia mencionado isso para alguém, talvez
até tivesse exagerado na história um pouco para fazê-la melhor. Atribuindo-me
alguns traços ameaçadores.
E então, ela
também me ouvindo tentando cancelar nossas aulas compartilhadas de biologia.
Ela deve ter imaginado, depois de ver a minha expressão, se ela tinha sido a causa.
Uma garota normal teria perguntado por aí, comparado a sua experiência com os outros,
procurado por algum terreno em comum que pudesse explicar o meu comportamento e
então ela não se sentiria sozinha. Humanos estão constantemente desesperados
por se sentirem normal, por se encaixarem. Para se misturar com os outros ao
seu redor, como mais uma ovelha sem graça no rebanho. Essa necessidade era particularmente
forte durante os inseguros anos da adolescência. Essa garota não devia ser uma
exceção à regra.
Mas ninguém
tinha dado atenção a nós sentados aqui, em nossa mesa normal. Bella devia estar
excepcionalmente tímida, se ela tinha confidenciado com alguém. Talvez ela
tenha falado com o seu pai, talvez esse fosse seu melhor relacionamento… Apesar
de isso soar improvável, dado o fato de que ela havia passado tão pouco tempo
com ele durante sua vida. Ela devia ser mais próxima de sua mãe. Mesmo assim,
eu devia passar pelo Chefe Swan alguma hora e ouvir o que ele estava pensando.
– Algo novo? – Jasper perguntou.
– Nada. Ela…
não deve ter dito nada.
Todos ergueram
uma sobrancelha com as novidades.
– Talvez você
não seja tão assustador quanto você acha que é. – Emmett disse, rindo. – Eu
aposto que eu a
teria apavorado mais do que ISSO.
Eu rolei meus
olhos até ele.
– Imaginando o
porquê…?– Ele se surpreendeu com a minha
revelação sobre o silêncio único da garota.
– Nós já
passamos por isso. Eu não SEI.
– Ela está vindo.
– Alice murmurou então. Eu senti meu
corpo ficar rígido. – Tente parecer humano.
– Humano, você
diz? – Emmet perguntou.
Ele levantou
seu punho direito, girando os dedos para revelar a bola de neve que tinha guardado
em sua palma. É claro que ela não havia derretido ali. Ele a apertou em um grumoso
bloco de gelo. Ele tinha os olhos em Jasper, mas eu vi a direção de seus pensamento.
Alice também, claro. Quando ele abruptamente lançou o pedaço de gelo nela, ela
o jogou longe com um leve balançar de seus dedos. O gelo ricocheteou através do
corredor da cafeteria; muito rápido para os olhos humanos, e se fragmentou com
um agudo barulho na parede de tijolo. O tijolo quebrou também.
As cabeças na
esquina da cafeteria todas se viraram para olhar para a pilha de gelo no chão,
e se viraram para procurar sua origem. Não olharam para muitas mesas ao longe. Ninguém
olhou para nós.
– Muito humano,
Emmett. – Rosalie disse de maneira
fulminante. – Por que você não soca a parede enquanto estiver perto?
– Seria mais impressionante se você fizesse
isso, baby.
Eu tentei
prestar atenção neles, mantendo um sorriso fixo no meu rosto como se eu estivesse
fazendo parte da brincadeira. Eu não me permiti olhar em direção aonde ela estava
em pé. Mas isso foi tudo que eu escutei também. Eu pude ouvir a impaciência de
Jessica com a garota nova, que parecia estar distraída, também, permanecendo
imóvel na fila em movimento. Eu vi, nos pensamentos de Jessica, que as
bochechas de Bella Swan ficaram mais uma vez rosas com o sangue. Eu respirei
curta e rapidamente, pronto para parar de respirar se qualquer traço de seu odor
tocasse o ar ao meu redor. Mike Newton estava com as duas garotas. Eu ouvia as
duas vozes, mental e verbal, quando ele perguntou o que havia de errado com a
garota Swan. Eu não gostava do modo com os seus pensamentos estavam envolvidos
nela, um brilho de suas fantasias já construídas encobriram sua mente enquanto
ele a observava ficar surpresa e olhar para cima como se ela tivesse esquecido
que ele estivesse ali.
– Nada. – Eu ouvi Bella dizer em uma voz baixa e
clara. Parecia soar com um sino sobre todos os murmúrios da cafeteria, mas eu
sabia que isso era somente porque eu estava escutando de forma tão intensa. –
Eu vou tomar só um refrigerante hoje. – Ela continuou enquanto ela se movia
para seguir com a fila.
Eu não consegui
evitar olhar de relance em sua direção. Ela estava olhando para o chão, o sangue
lentamente se esvaindo de seu rosto. Eu olhei para longe rapidamente, para Emmet,
que riu agora de um sorriso aflito em meu rosto.
– Você parece
doente, mano.
Eu re-arranjei
minhas feições para parecer mais casual e natural. Jessica estava imaginando
sobre a falta de apetite da garota.
– Você não está
com fome?
– Na verdade, eu me sinto um pouco doente. – Sua voz soou mais baixa, mas ainda assim, perfeitamente
clara.
Por que isso me
incomodava, uma preocupação protetora que repentinamente surgiu dos pensamentos
do Newton? O que importava que houvesse um timbre possessivo neles? Não era
exatamente da minha conta se Mike Newton se sentia desnecessariamente ansioso
por ela. Talvez esse fosse o modo que todos correspondiam à ela. Eu não queria,
instintivamente, protegê-la, também? Antes que eu quisesse matá-la, isto é… Mas
aquela garota estava doente? Era difícil de julgar - ela parecia tão delicada
com aquela pele translúcida… então eu percebi que eu estava me preocupando,
também, assim como aquele garoto estúpido, e eu forcei a mim mesmo não pensar
sobre a saúde dela.
Sem levar em
consideração que eu não gostava de monitorá-la pelos pensamentos de Mike.
Troquei para Jessica, olhando cuidadosamente enquanto eles três escolhiam uma mesa
para sentar. Felizmente, eles sentaram-se com as companhias usuais de Jessica,
uma das primeiras mesas do lugar. Não na direção do vento, assim como Alice
havia prometido. Alice me acotovelou. “Ela
vai olhar para cá, aja como humano.” Eu trinquei meus dentes por detrás de
meu sorriso.
– Se acalme,
Edward. – Emmet disse. – Honestamente.
Então você matou um humano. Isso é dificilmente o fim do mundo.
– Você deve saber. – eu murmurei.Emmet riu.
– Você tem que
aprender a fazer outras coisas. Como eu faço. Eternidade é muito tempo para
ficar rolando na culpa.
E então, Alice
lançou uma pequena mão cheia de gelo que ela havia ocultado na confiante cara de
Emmet. Ele piscou, surpreso, e então sorriu em antecipação.
– Você pediu
por isso. – Ele disse, enquanto ele se
inclinava sobre a mesa e sacudia seu cabelo coberto de gelo em sua direção. A
neve, derretendo no cômodo quente, lançou-se de seu cabelo em um denso banho
metade líquido, metade gelo.
– Eca! – Rose reclamou, enquanto ela e Alice
recuavam da inundação.
Alice riu e
todos nós a acompanhamos. Eu podia ver na mente de Alice como ela havia orquestrado
esse momento perfeito e eu sabia que aquela garota - eu tinha que parar de pensar
nela dessa maneira, como se ela fosse a única garota do mundo - Bella devia
estar nos olhando rindo e brincando, parecendo felizes e humanos e de forma tão
irreal como uma pintura de Norman Rockwell. Alice continuou rindo, e segurando
a sua bandeja como um escudo. Aquela garota – Bella devia estar nos encarando.
“… encarando os Cullens de novo”. Alguém pensou, prendendo a minha
atenção.
Eu olhei
automaticamente em direção ao chamado não intencional, percebendo enquanto meus
olhos encontravam a sua origem, que eu havia reconhecido a voz - eu a havia
ouvido muito hoje. Mas meus olhos passaram direto por Jessica e se focaram na
observação penetrante da garota.
O que ela
estava pensando? A frustração parecia aumentar enquanto o tempo passava, ao invés
de diminuir. Eu tentei - de forma incerta no que eu estava fazendo já que eu
nunca havia tentado isso antes - sondar com a minha mente o silêncio ao redor
dela. Minha audição extra vinha naturalmente para mim, sem pedir; eu nunca tive
que forçá-la. Mas agora eu estava concentrado, tentando passar por qualquer
escudo ao redor dela. Nada além de silêncio.
“O que ela tem?” Jessica pensou, ecoando minha própria
frustração.
– Edward Cullen
está te encarando. – Ela sussurrou no
ouvido da garota Swan, com um sorriso falso. Não houve nenhuma insinuação de
sua irritação invejosa no seu tom. Jessica pareceu ser experiente no fingimento
de amizade.
Eu escutei,
muito claramente, à resposta da garota.
– Ele não
parece irritado, parece? – Ela sussurrou
de volta.
Então ela havia
notado a minha reação selvagem semana passada. É claro que ela havia. A
pergunta pareceu confundir Jessica. Eu vi a minha própria face em seus
pensamentos enquanto ela checava a minha expressão, mas eu não encontrei com
seu olhar. Eu ainda estava concentrado na garota, tentando ouvir alguma coisa.
O meu foco intencional não parecia estar ajudando em nada.
– Não. – Jess disse a ela, e eu sabia que ela
desejava poder dizer que sim - como isso a envenenou por dentro, meu olhar - apesar
de ela não demonstrar de forma alguma em sua voz: – Ele devia estar?
– Eu não acho
que ele goste de mim. – A garota
sussurrou de volta, deitando a sua cabeça em seu braço como se ela estivesse
subitamente cansada. Eu tentei entender seu movimento, mas eu só pude fazer
suposições. Talvez ela estivesse cansada.
– Os Cullens
não gostam de ninguém. – Jess assegurou a
ela. – Bem, eles nem se quer percebem alguém o suficiente para gostar
deles. – “Eles nunca notaram. O seu
pensamento foi um rosnado de reclamação.” – Mas ele ainda está te
encarando.
– Pare de olhar para ele. – A garota disse ansiosamente, erguendo a sua
cabeça para ter certeza que a Jessica a obedeceu.Jessica sorriu, mas fez o que
ela pediu.
A garota não
tirou os olhos de sua mesa pelo resto do tempo. Eu pensei - imaginei, é claro, eu
não podia ter certeza - que isso foi intencional. Parecia que ela queria olhar
para mim. O seu corpo se deslocaria ligeiramente na minha direção, o seu queixo
começava a virar, e então ela se repreendia, respirava fundo e olhava fixamente
para qualquer pessoa que estava falando.
Eu ignorei a
maior parte dos outros pensamentos ao redor da garota, como eles não eram, momentaneamente,
sobre ela. Mike Newton estava planejando uma guerra de neve no estacionamento
depois da escola, sem parecer perceber que a neve já tinha mudado para chuva. A
agitação dos leves flocos contra o teto já tinha se tornado o padrão comum de gotas
de água. Ele realmente não conseguia ouvir a mudança? Parecia alta para mim. Quando
a hora do almoço terminou, eu continuei no meu lugar. Os humanos iam saindo, e eu
me peguei tentando distinguir o som dos passos dela do som do resto, como se houvesse
algo importante ou incomum neles. Que estupidez. Minha família também não se
mexeu para ir embora. Eles esperaram para ver o que eu iria fazer. Eu iria para
a classe, sentar ao lado da garota onde eu podia sentir a fragrância absurdamente
potente de seu sangue e sentir o calor de sua pulsação do ar na minha pele? Eu
era forte o suficiente para isso? Ou já tinha tido o suficiente para um dia?
– Eu… acho que
está tudo bem. – Alice disse, hesitante.
– Sua mente está segura. Eu acho que você conseguira agüentar por uma hora. – Mas Alice sabia muito bem a rapidez que uma
mente podia mudar.
– Por que
arriscar, Edward? – Jasper perguntou.
Embora ele não quisesse se sentir presunçoso que eu fosse o fraco agora, eu
podia escutar que ele se sentia, só um pouco. – Vá para casa. Vá com calma.
– Qual é o
problema? – Emmett discordou. – Ou
ele vai ou não vai matá-la. Melhor acabar com isso de uma vez, de um jeito ou
do outro.
– Eu não quero
me mudar ainda. – Rosalie reclamou. –
Eu não quero recomeçar. Estamos quase fora do colegial, Emmett. Finalmente.
Eu estava
igualmente despedaçado com esta decisão. Eu queria, queria muito, encarar isso de
cabeça do que fugir para longe outra vez. Mas eu também não queria me arriscar muito,
também. Havia sido um erro semana passada para Jasper ficar tanto tempo sem caçar;
isso era um erro sem propósito também? Não queria desarraigar minha família.
Nenhum deles me agradeceria por isso. Mas eu queria ir para a minha aula de
biologia. Percebi que queria ver o rosto dela novamente. Foi isso o que decidiu
por mim. Essa curiosidade. Estava irritado comigo mesmo por sentir isso. Não
tinha prometido que não iria deixar o silêncio da mente da garota me deixar desnecessariamente
interessado nela? E mesmo assim, aqui estava eu, ainda mais desnecessariamente
interessado. Eu queria saber o que ela estava pensando. A mente dela era
fechada mas seus olhos eram muito abertos. Talvez eu pudesse ver por eles.
– Não, Rose, eu
acho que vai ficar tudo bem. – Alice
disse. – Está… se firmando. Eu tenho noventa e três por cento de certeza de
que nada de ruim vai acontecer se ele for para a classe. – Ela me olhou curiosamente, se perguntando o que havia mudado em meus pensamentos
que fez sua visão do futuro mais segura. Curiosidade seria o suficiente para
manter Bella Swan viva?
Emmett tinha
razão - por que não acabar com isso, de um jeito ou de outro? Eu iria
enfrentar a
tentação de cabeça.
– Vão para suas
classes. – Eu ordenei, me afastando da
mesa.
Eu me virei e
andei para longe deles sem olhar para trás. Eu podia ouvir a preocupação de
Alice, a censura de Jasper, a aprovação de Emmett e a irritação de Rosalie se
arrastando às minhas costas. Eu respirei fundo mais uma vez na porta da sala de
aula, e segurei o ar em meus pulmões enquanto entrava no espaço pequeno e
quente. Não estava atrasado. O Sr. Banner ainda estava se arrumando para a
experiência de laboratório de hoje. A garota sentou na minha - na nossa mesa,
seu rosto para baixo de novo, encarando o caderno em que desenhava. Eu examinei
os rabiscos quando me aproximei, interessado até mesmo nessa criação banal da
sua mente, mas eram coisas sem sentido. Só fazendo ondas e mais ondas. Talvez
ela não estivesse se concentrando no padrão, mas pensando em outra coisa? Eu
puxei minha cadeira com um barulho desnecessário, deixando raspar no chão de linóleo;
humanos sempre se sentiam mais confortáveis quando algum barulho anunciava a aproximação
de alguma outra pessoa. Eu sabia que ela tinha escutado o som; ela não olhou
para cima, mas a sua mão errou uma onda no formato que ela estava fazendo,
deixando-o desbalanceado. Por que ela não olhou para cima? Provavelmente ela
estava assustada. Eu tinha que ter certeza de deixá-la com uma impressão
diferente desta vez. Fazê-la pensar que havia imaginado coisas antes.
– Olá. –Eu disse na voz calma que usava quando
queria deixar humanos mais confortáveis, formando um sorriso educado com meus
lábios que não mostraria nenhum dente.
Ela olhou para
cima então, seus atentos olhos castanhos assustados – quase desconcertados - e
cheios de perguntas silenciosas. Era a mesma expressão que tinha obstruído
minha visão pela ultima semana. Enquanto eu encarava aqueles olhos castanhos
estranhamente intensos, eu percebi que o ódio - o ódio que eu tinha imaginado
que esta menina merecia por simplesmente existir - havia evaporado. Sem
respirar agora, sem sentir seu cheiro, era difícil de acreditar que alguém tão
vulnerável pudesse justificar ódio. As bochechas dela começaram a corar e ela
não disse nada. Eu mantive meus olhos nos dela, me concentrando só em suas
profundezas questionadoras, e tentando ignorar a cor apetitosa. Eu tinha fôlego
suficiente para falar mais um pouco sem inalar.
– Meu nome é Edward Cullen. – Eu disse, embora soubesse que ela sabia
disso. Era o jeito educado de começar. – Não tive a oportunidade de me
apresentar na semana passada. Você deve ser Bella Swan.
Ela pareceu confusa
- havia uma pequena ruga entre seus olhos novamente. Ela levou meio segundo a
mais do que deveria para responder.
– Como você
sabe meu nome? – ela perguntou, e sua voz
tremeu um pouco.
Eu devia tê-la
realmente assustado. Isso me fez sentir culpado; ela era tão indefesa. Eu ri gentilmente
- era um som que eu sabia que deixava humanos mais à vontade. Novamente, fui
cuidadoso com meus dentes.
– Ah, eu acho
que todo mundo sabe seu nome. –
Certamente ela devia ter percebido que
ela tinha se tornado o centro das atenções
nesse lugar monótono. – A
cidade toda estava esperando você chegar.
Ela fez uma
careta como se essa informação fosse desagradável. Eu achei que, sendo tímida
como ela parecia ser, atenção iria parecer uma coisa ruim para ela. A maioria dos
humanos sentia o oposto. Embora eles não quisessem se destacar em uma multidão,
ao mesmo tempo eles desejavam um holofote por suas uniformidades individuais.
– Não. – ela disse. – Quer dizer, por que me
chamou de Bella?
– Prefere
Isabella? – eu perguntei, perplexo pelo
fato de que não podia ver para onde a sua pergunta estava levando. Eu não
entendi. Com certeza, ela deixou sua preferência clara muitas vezes naquele
primeiro dia. Todos os humanos eram incompreensíveis assim sem um contexto
mental como guia?
– Não, gosto de
Bella. – ela respondeu, inclinando a
cabeça levemente para um lado. Sua expressão ... se eu estivesse lendo
corretamente ... estava dividida entre vergonha e confusão. – Mas eu acho
que Charlie… quer dizer, meu pai, deve me chamar de Isabella nas minhas costas.
É como todo mundo aqui parece me conhecer. –
Sua pele ficou um tom de rosa mais escuro.
– Ah. – eu disse indevidamente, e rapidamente
desviei meus olhos de seu rosto.
Eu tinha
acabado de entender o que as perguntas dela queria dizer: eu tinha escorregado
- cometido um erro. Se eu não tivesse escutando as conversar dos outros naquele
primeiro dia, então eu teria chamado inicialmente pelo nome inteiro, como todos
os outros. Ela tinha notado a diferença.
Eu senti uma
dor de desconforto, foi muito rápido para ela perceber meu erro. Bem astuta, especialmente
para alguém que deveria estar aterrorizada pela minha proximidade. Mais se
tinha problemas maiores do que qualquer suspeita sobre mim ela estava trancando
dentro de sua cabeça. Eu estava sem ar. Se eu fosse falar com ela de novo, eu
teria que respirar. Seria difícil evitar falar. Infelizmente para ela,
compartilhar esta mesa a tornava minha parceira de laboratório, e nós teríamos
que trabalhar juntos hoje. Seria estranho – e incompreensivelmente rude - eu
ignorá-la enquanto nós fazíamos a experiência. Iria deixála mais suspeita, com
mais medo…
Eu me inclinei
para o mais longe que eu podia dela sem mexer minha cadeira, virando minha
cabeça para o corredor. Firmei-me, travando meus músculos no lugar, e então suguei
um pulmão inteiro de ar rapidamente, respirando por minha boca.
“Ahh!”
Era
genuinamente doloroso. Mesmo sem sentir o cheiro dela, ou podia sentir o gosto
dela em minha língua. Minha garganta de repente estava em chamas outra vez, a necessidade
tão forte como a daquele primeiro momento em que eu senti o cheiro dela. Juntei
meus dentes e tentei me recompor.
– Podem
começar. – O Sr. Banner comandou.
Pareceu que
tomou cada pequena partícula do auto-controle que eu tinha acumulado em setenta
anos de trabalho árduo para virar minha cabeça para a garota, que estava
olhando para a mesa, e sorrir.
– Primeiro as
damas, parceira? – eu ofereci.
Ela olhou para
minha expressão e seu rosto ficou vazio, os olhos arregalados. Havia algo de
errado com a minha expressão? Ela estava assustada novamente? Ela não falou.
– Ou eu posso
começar, se preferir. – eu disse
calmamente.
– Não. – ela disse, e seu rosto passou de branco
para vermelho outra vez. – Eu começo.
Eu encarei o
equipamento na mesa, o microscópio arranhado, a caixa de slides, ao invés de
ver o sangue correr por baixo da pele clara. Respirei de novo depressa, por
meus dentes, e recuei quando o gosto fez minha garganta arder.
– Prófase. – Ela disse depois de um rápido exame. Ela
começou a remover o slide, embora
ela mal o tinha visto.
– Importa-se se
eu olhar? – Instintivamente -
estupidamente, como se eu fosse da espécie dela - eu estendi para parar a mão
que removia o slide.
Por um segundo,
o calor de sua pele queimou a minha. Foi como uma corrente elétrica -
certamente muito mais quente do que meros 37 graus. O tiro de calor passou pela
minha mão e correu pelo meu braço. Ela puxou rapidamente a sua mão debaixo da
minha.
– Desculpe-me.
– Eu murmurei por dentre meus dentes
trincados. Precisando de algum lugar para olhar, eu segurei o microscópio e
olhei brevemente pelo buraco. Ela estava certa. – Prófase. – eu
concordei.
Eu ainda estava
demasiadamente perturbado para olhá-la. Respirando tão calmamente quanto eu
podia por dentre meus dentes cerrados e tentando ignorar a sede furiosa, eu tentava
me concentrar naquela simples tarefa, escrevendo a palavra no espaço adequado na
lâmina do laboratório, e então trocando o primeiro slide pelo próximo.
O que ela
estava pensando agora? Como será que ela se sentiu, quando eu toquei a sua mão?
Minha pele deve ter parecido gelo - repulsivo. Não me admirava que estivesse
tão quieta. Eu dei uma olhada no slide.
– Anáfase. – Eu disse para mim mesmo enquanto eu
escrevia na segunda linha.
– Posso? – Ela perguntou.
Eu olhei para
cima, para ela, surpreso ao ver que ela estava esperando, na expectativa, uma
mão metade estendida em direção ao microscópio. Ela não parecia estar com medo.
Ela realmente pensava que eu tinha errado na resposta? Eu não me segurei e
sorri com o seu olhar esperançoso no rosto enquanto eu passava o microscópio
para ela. Ela encarou no microscópio com uma vontade que logo desapareceu. Os
cantos de sua boca rapidamente desceram.
– Slide 3? – Ela perguntou, sem olhar pra cima do
microscópio, mas com sua mão estendida.
Eu coloquei o
próximo slide na mão dela, sem deixar minha pele chegar perto da dela dessa
vez. Sentar do lado dela era como sentar do lado de uma lâmpada. Eu podia
sentir conforme eu esquentava aos poucos com a temperatura mais alta. Ela não
olhou para o slide por muito tempo.
– Interfase. – Ela disse de forma casual – talvez tentando
com muita vontade - e empurrou o microscópio na minha direção. Ela não encostou
no papel, mas esperou que eu escrevesse a resposta. Eu chequei - ela estava certa
de novo.
Nós terminamos
dessa forma, falando uma palavra por vez nunca nos olhando nos olhos. Nós
éramos os únicos que haviam acabado - os outros na aula estavam tendo mais dificuldade
com o laboratório. Mike Newton parecia estar tendo problemas se concentrando -
ele estava tentando observar Bella e eu.
“Queria que ele tivesse ficado onde ele
foi.” ,Mike pensou, me
olhando com raiva.
Hmm, interessante.
Eu não tinha notado que o garoto tinha mantido algum sentimento negativo sobre
mim. Isso era um novo acontecimento, tão recente quanto à chegada da nova garota.
Ainda mais interessante, eu pensei - para minha própria surpresa - que o sentimento
era mútuo.
Eu olhei pra
baixo para a garota de novo, perplexo pelo tamanho da devastação e violência que,
apesar de comum; sem ameaças aparente, ela estava causando em minha vida. Não
era como se eu não pudesse ver o que Mike estava pensando. Ela na verdade
estava bonita…de uma forma diferente. Melhor do que estando bonita, seu rosto
estava interessante. Não tão simétrico - seu queixo mais pontudo fora de
sincronia com as maçãs do rosto largas; fortemente ruborizadas. - o claro e
escuro contraste da sua pele e seu cabelo; e então os olhos. Brilhando sobre
silenciosos segredos. Olhos que de repente estavam perdidos nos meus. Eu a
encarei de volta, tentando descobrir pelo menos um de seus segredos.
– Você está
usando lentes? – Ela perguntou de
repente.
Que pergunta
estranha.
– Não. – Eu quase sorri com a idéia de tentar
melhorar minha visão.
– Ah. – ela murmurou. – Eu achei que tinha algo diferente nos seus
olhos.
Eu me senti
gelado de novo conforme eu notei que aparentemente eu não era o único tentando
descobrir segredos hoje.
É claro que
tinha algo diferente nos meus olhos desde a última vez que ela tinha olhado neles.
Para me preparar para hoje, a tentação de hoje, eu passei o fim de semana
inteiro caçando, matando minha sede o máximo possível, mais do que o
necessário. Eu me afoguei no sangue de animais, não que fizesse muita diferença
na frente do absurdo sabor flutuando ao redor do ar perto dela. Quando eu olhei
para ela por fim, meus olhos tinham estado pretos pela sede. Agora, meu corpo
nadando em sangue, meu olhos estavam com uma cor dourada. Castanho-claro, âmbar
pelo meu excesso de alimento. Outro lapso. Se eu tivesse notado o que ela quis
dizer com a pergunta, poderia somente ter dito que eram lentes.
Eu sentei ao
lado de humanos por quase dois anos nessa escola, ela foi a primeira a tentar me
examinar perto o suficiente para notar a diferença de cor nos meus olhos. Os
outros, enquanto admiravam a beleza da minha família, tinham a tendência de
olhar para baixo rapidamente quando nós olhávamos de volta. Eles sempre se
protegiam, bloqueando detalhes das nossas aparências como uma tentativa forte e
instintiva de nos entender. Ignorância era uma dádiva para a mente humana. Por
que tinha que ser essa garota que via tanto? Sr. Banner se aproximou da nossa
mesa. Eu agradecido inalei o ar puro que ele trouxe consigo antes que pudesse
misturar com o cheiro dela.
– Então, Edward.
– ele disse olhando nossas respostas.
– Você não acha que Isabella deveria ter uma chance com o microscópio?
– Bella. – Eu corrigi ele por puro reflexo. – Na
verdade ela identificou três de cinco.
Os pensamentos
de Mr.Banner eram céticos enquanto ele se virava para ela.
– Você já fez
essa aula antes?
Eu assisti,
envolvido, quando ela sorriu, parecendo um pouco envergonhada.
– Não com raiz
de cebola.
– Ovas de peixe?. – ele perguntou.
– Sim.
Isso o
surpreendeu. A aula de hoje foi algo que ele pegou de um curso mais avançado.
Ele assentiu de maneira pensante.
– Você estava
em um programa avançado em Phoenix?
– Sim.
Ela era
avançada, então, inteligente para uma humana. Isso não me surpreendeu.
– Bem. – O Sr.Banner disse, franzindo o lábio. – Eu
suponho que é bom que vocês dois sejam parceiros então. – Ele virou e foi embora murmurando “Para que os outros possam ter uma chance
te aprender algo por eles mesmos.”.
Eu duvido que a
garota possa ouvir isso. Ela voltou a desenhar círculos ao redor da sua pasta. Dois
lapsos em meia hora. Uma demonstração insatisfatória da minha parte. Apesar de
que eu não tinha nenhuma idéia do que a garota pensava de mim - quando ela
tinha medo, quando ela suspeitava? Suspeitava? - eu sabia que precisaria me
esforçar mais daqui para frente para fazê-la mudar sua opinião sobre mim.
Alguma coisa para fazê-la esquecer-se do nosso ameaçador último encontro.
– É ruim essa
neve toda, não é? – Eu disse repetindo o
assunto que vários outros alunos já haviam discutido.
Um tópico habitual
e entediante. O tempo - sempre seguro. Ela olhou para mim, a dúvida óbvia em
seu olhar - uma reação anormal para minhas palavras muito normais. Eu tentei
direcionar a conversa de volta a um caminho mais comum. Ela era de um lugar muito
mais claro, mais quente - sua pele parecia refletir isso de alguma maneira,
apesar de sua palidez - e o frio devia fazê-la se sentir desconfortável. Meu
toque gelado com certeza tinha…
– Você não
gosta do frio. – eu adivinhei.
– E do molhado.
– ela assentiu.
– Forks deve
ser um lugar difícil para você viver. – Talvez
você não devesse ter vindo para cá, eu quis acrescentar. Talvez você devesse
voltar ao lugar de onde veio.
Porém, eu não
tinha certeza se era isso que eu queria. Eu sempre me lembraria do cheiro de
seu sangue - existia ao menos alguma garantia de que eu não a seguiria? Além
disso, se ela fosse embora, sua mente sempre seria um mistério. Um constante e
insistente quebra-cabeças.
– Você não faz
idéia. – Ela disse em voz baixa e me
senti carrancudo por um momento.
Suas respostas
nunca eram o que eu esperava que fossem. Isso me fez querer fazer mais perguntas.
– Por que você
veio para cá, então? – Eu reclamei,
percebendo que meu tom de voz era muito acusatório, não era casual o bastante
para a conversa. A pergunta pareceu rude, intrometida.
– É…
complicado.
Ela piscou seus
grandes olhos, não dando maiores informações, e eu quase explodi de curiosidade
- a curiosidade queimou tão forte quanto à sede em minha garganta. Na realidade,
estava ficando um pouco mais fácil respirar; a agonia estava ficando mais tolerável
enquanto eu me familirializava.
– Eu acho que
posso agüentar. – eu insisti.
Talvez a
cortesia comum a fizesse continuar respondendo minhas perguntas tanto quanto eu
era rude o suficiente para perguntá-las. Ela encarou silenciosamente suas mãos.
Isso me deixou impaciente; eu queria colocar minha mão embaixo de seu queixo e
levantar sua cabeça para que eu pudesse ler seus olhos. Mas fazer isso seria
tolice de minha parte - perigoso - tocar sua pele novamente. Ela levantou os
olhos subitamente. Era um alívio poder ver as emoções em seus olhos novamente.
Ela falou apressadamente, correndo pelas palavras.
– Minha mãe
casou-se novamente.
Ah, isso era
humano suficiente, fácil de entender. A tristeza passou por seus olhos claros e
ela enrugou de novo a testa.
– Não parece
tão complicado. – eu disse.
Minha voz soou
gentil sem que eu me esforçasse para isso. Sua tristeza me fez sentir
estranhamente impotente, desejando que houvesse algo ao meu alcance para fazê-la
sentir-se melhor. Um estranho impulso.
– Quando isso
aconteceu?
– Setembro
passado. – Ela expirou pesadamente - nada
mais que um suspiro. Eu segurei minha respiração e sua respiração quente varreu
meu rosto.
– E você não
gosta dele. – Eu supus, pescando maiores
informações.
– Não, o Phil é
legal. – Ela disse, corrigindo suposição.
Havia a ponta de um sorriso agora os cantos de seus lábios cheios. – Muito jovem, talvez, mas legal o suficiente.
Isso não se
encaixava com a cena que eu havia construído em minha cabeça.
– Por que você
não fica com eles? – eu perguntei, minha
voz um pouco curiosa demais. Parecia que eu estava sendo bisbilhoteiro. E eu
estava sendo, eu admito.
– Phil viaja
muito. Ele joga bola. – O pequeno sorriso
cresceu; essa escolha de carreira a divertia.
Eu sorri,
também, sem escolher fazê-lo. Eu não estava tentando fazê-la sentir-se à vontade.
Seu sorriso apenas me fez querer sorrir de volta - fazer parte do segredo.
– Eu já ouvi falar dele? – Eu passei o rosto dos jogadores de baseball em minha cabeça, me perguntando
qual deles era Phil…
– Provavelmente
não. Ele não joga bem. – Outro sorriso.
– Só na menor liga. Ele se muda
muito.
Os rostos em
minha mente desapareceram instantaneamente e eu fiz uma lista de possibilidades
em menos de um segundo. Ao mesmo tempo, eu estava imaginando uma nova cena.
– E sua mãe te
mandou pra cá pra poder viajar com ele. – eu
disse.
Fazer
suposições parecia funcionar mais com ela do que fazer perguntas. Funcionou de
novo. Seu queixo ficou proeminente e sua expressão de repente ficou dura.
– Não, ela não
me mandou pra cá. – Ela disse, e sua voz
tinha novo tom, duro e irritado.
Minha suposição
a havia deixado triste, embora eu não pudesse entender o por que. – Eu mandei a
mim mesma.
Eu não consegui
entender seu motivo, ou a razão por detrás de sua tristeza. Eu estava completamente
perdido. Então eu desisti. Essa garota simplesmente não fazia sentido algum.
Ela não era como os outros humanos. Talvez o silêncio em seus pensamentos e o
perfume em seu cheiro não fossem as únicas coisas incomuns nela.
– Eu não
entendo. – Eu admiti, odiando ceder.
Ela suspirou, e
olhou nos meus olhos por mais tempo do que a maioria dos humanos normais seriam
capazes de suportar.
– No início ela
ficou comigo, mas ela sentia a falta dele. – Ela explicou devagar, seu tom ficando mais desesperado a cada palavra. –
Eu a fiz infeliz, então eu decidi que estava na hora de passar um tempo de
qualidade com Charlie. – A mínima ruga
entre seus olhos se intensificou.
– Mas agora
você está triste. – eu murmurei.
Eu não
conseguia parar de falar minhas hipóteses em voz alta, desejando aprender com
suas reações. Esta, porem, não parecia tão diferente do normal.
– E? – Ela disse, como se esse não fosse um aspecto
que merecesse ser considerado.
Eu continuei
olhando em seus olhos, sentindo que finalmente eu havia conseguido uma olhadela
dentro de sua alma. Eu vi naquela única palavra onde ela havia posicionado ela mesma
em sua lista de prioridades. Diferente dos outros humanos, suas próprias necessidades
estavam bem abaixo na lista.
Ela era
altruísta.
Quando notei
isso, o mistério naquela pessoa se escondendo nessa mente silenciosa
começou a
desaparecer.
– Isso não
parece justo. – Eu disse.
Eu encolhi meus
ombros, tentando parecer casual, tentando omitir a intensidade de minha
curiosidade. Ela riu, mas não havia diversão no som.
–Ninguém nunca
disse a você? A vida não é justa.
Eu queria rir
com suas palavras embora eu, também, não tivesse me divertido. Eu sabia um
pouco sobre a injustiça da vida.
– Eu acredito
que tenha ouvido isso em algum lugar antes.
Ela olhou de
volta para mim, parecendo confusa de novo. Ela desviou os olhos e depois olhou
de novo nos meus.
– Então, isso é
tudo. – ela me disse.
Mas eu não
estava preparado para finalizar esta conversa. O pequeno “V” entre seus olhos, um
resto de seu pesar, me perturbava. Eu queria arrancá-la com a ponta do meu
dedo, mas obviamente eu não podia tocá-la. Isso não era seguro de varias
formas.
– Você faz um
belo show. – eu disse devagar, ainda
considerando a próxima hipótese. – Mas eu seria capaz de apostar que você
está sofrendo mais do que deixa os outros verem.
Ela fez uma
cara, seus olhos apertados e sua boca se torcendo em um beicinho, e ela olhou
de volta para a frente da sala. Ela não gostou quando eu supus corretamente.
Ela não era o mártir mediano - ela não queria uma platéia para sua dor.
– Eu estou
errado?
Ela recuou um
pouco, mas por outro lado fingindo não me ouvir. Isso me fez sorrir. – Eu
pensei que não.
– Por que isso
te interessa? – ela quis saber, ainda olhando para longe.
– Esta é uma
pergunta muito boa. – Eu admiti, mais
para mim mesmo do que para responder a ela.
Seu
discernimento era melhor que o meu - ela estava bem no centro das coisas
enquanto eu me debatia cegamente através das pistas. Os detalhes de sua vida
muito humana não deviam interessar a mim. Era errado para mim me interessar
pelo que ela pensava. Para proteger minha família das suspeitas, pensamentos
humanos não eram significantes. Eu não costumava ser o menos intuitivo em um par.
Eu confiei no meu extra “ouvir demais” - eu obviamente não era tão perceptivo
quanto eu achei que fosse.
A garota
suspirou e ficou carrancuda encarando a frente da sala. Algo em sua expressão frustrada
era engraçado. A situação em si, toda a conversa era engraçada. Ninguém nunca esteve
tão em perigo por mim quanto esta pequena garota - a qualquer momento eu poderia,
distraído pela minha ridícula absorção em nossa conversa me descontrolar e atacá-la
antes que eu pudesse me segurar - e ela estava irritada porque eu não havia respondido
sua pergunta.
– Eu estou
perturbando você? – eu perguntei, rindo
do absurdo daquilo tudo.
Ela me deu uma
olhadela rapidamente, e depois seus olhos pareceram cair em minha armadilha.
– Não
exatamente. – ela me disse. – Eu estou
mais perturbada comigo mesma. Minha cara é tão fácil de ser lida - minha mãe
sempre diz que sou o livro aberto dela.
Ela franziu as
sobrancelhas de mau humor. Eu olhei para ela me divertindo. A razão de ela
estar de mau humor era porque ela pensava que eu vi através dela muito
facilmente. Que bizarro. Eu nunca havia me esforçado tanto para compreender
alguém em toda a minha vida - ou existência, quando vida não era a palavra
adequada. Eu não tinha realmente uma vida.
– Pelo
contrário. – eu discordei, me sentindo
estranhamente… cauteloso, como se houvesse
algum perigo escondido que eu estava
falhando em ver. Eu estava subitamente na corda bamba, a premonição me fazendo
ansioso. – Eu acho você
muito difícil de ler.
– Você deve ser
um leitor muito bom, então. – ela supôs,
fazendo sua própria suposição, que estava novamente correta.
– Normalmente.
– eu concordei.
Eu sorri
largamente para ela, deixando meus lábios retorcerem para expor os cintilantes
e afiados dentes atrás deles. Foi algo estúpido de fazer, mas fiz
repentinamente, inesperadamente desesperado para expressar algum tipo de aviso
para a menina. Seu corpo estava perto de mim como antes, inconscientemente
deslocado no decorrer da nossa conversa. Todos os pequenos marcadores e cantos
eram suficientemente assustadores para o resto da humanidade que não viam como
trabalhar nela. Por que ela não se encolheu longe de mim com terror? Com certeza
ela deve ter visto bastante do meu lado sombrio para perceber o perigo, ela parecia
ser intuitiva.
Eu não vi se minha
advertência teve o efeito desejado, Mr. Banner disse para a classe ter atenção
apenas por aquele momento, e ela recuou para longe de mim ao mesmo tempo. Ela
parecia um pouco aliviada por causa da interrupção, então talvez ela tenha compreendido
inconscientemente.
Eu esperava que
sim.
Eu reconheci o
fascinio cada vez maior dentro de mim, mesmo estando cansado para cortá-lo para
fora. Eu não podia me dar ao luxo de achar Bella Swan interessante. Ou melhor,
ela não poderia se dar ao luxo. Eu já estava ansioso por alguma outra chance de
falar com ela… Eu queria saber mais sobre sua mãe, sua vida antes de chegar
aqui, seu relacionamento com seu pai. Todos as coisas sem sentido que poderia
acrescentar detalhes ao seu caráter. Mas a cada segundo que eu gastei com ela
foi um erro, um risco que ela não sabe que estava correndo.
Distraidamente,
ela jogou seu cabelo. Por um momento eu me permiti outra respiração. Uma onda
particularmente concentrada de seu cheiro bateu em minha garganta. Era como o
primeiro dia - como a destruição inicial. A dor que queimava e a sede me fez ficar
tonto. Eu poderia agarrar a mesa de novo para manter meu corpo na cadeira.
Agora eu tinha um pouco mais de controle. Eu não quebraria nada, no mínimo… O
monstro rosnou dentro de mim, mas nada comparado com o prazer da minha dor. Ele
estava também firmemente amarrado por aquele momento. Eu parei de respirar
completamente, e me inclinei o mais longe possivel da garota o quanto eu pude.
Não, eu não
podia me dar ao luxo de achá-la fascinante… A mais interessante coisa que encontrei
nela, provavelmente a maior, era aquela que eu poderia matá-la. Eu já tinha cometido
dois pequenos erros hoje. Eu poderia cometer um terceiro, que não seria nada pequeno?
Um pouco antes
do sinal tocar, eu abandonaria a sala de aula - provavelmente destruindo qualquer
impressão de educação que eu havia construído no decorrer da hora. De novo, eu ofeguei
por limpeza, o ar de fora estava úmido, como se fosse um perfume de cura. Eu me
coloquei apressadamente ao máximo de distancia possível entre a garota e eu. Emmet
estava me esperando na porta da sala de Espanhol. Ele leu minha expressão louca
por um momento.
– Como foi? – Ele perguntou cautelosamente.
– Ninguém morreu. – Eu resmunguei.
– Eu achei
isso. Quando eu vi a Alice andando por aqui quando acabou, eu pensei…
Nós andamos
para a sala, eu vi sua memória por apenas alguns momentos antes, vendo pela
porta aberta de sua última aula: Alice de rosto desligado andando em direção ao
prédio de biologia. Eu senti que na sua lembrança ele sentia vontade de ir lá e
se juntar a ela, e quando ele decidiu ficar. Se Alice precisasse de sua ajuda,
ela poderia pedir… Eu fechei meus olhos com horror e desgosto quando eu
despenquei na minha cadeira.
– Eu não pensei
em realizar aquilo quando estava perto. Eu não pensei o que eu estaria fazendo…
Eu não vi que aquilo poderia ser tão ruim. – Eu sussurei.
– Não foi. – Ele me re-assegurou. – Ninguém morreu,
certo?
– Certo. – Eu disse entre os dentes. – Não dessa vez.
– Talvez fique
mais fácil.
– Claro.
– Ou, talvez
você a mate. – Ele deu de ombros. –
Você não seria o primeiro a fazer besteira. Ninguém te julgaria duramente. Às
vezes uma pessoa apenas cheira muito bem. Estou impressionado que você tenha
resistido tanto tempo.
– Não está
ajudando, Emmett.
Eu estava
revoltado com a sua aceitação da idéia de que eu mataria a garota, de que isso era
de algum modo, inevitável. Era culpa dela que ela cheirasse tão bem?
– Eu sei quando
aconteceu pra mim… – Ele lembrou,
trazendo à tona metade de um século,
para uma rua suja, onde uma mulher de meia
idade estava tirando seus lençóis secos de
um varal amarrado entre duas macieiras.
O cheiro de
maçãs era forte no ar - a colheita tinha acabado e as frutas rejeitadas estavam
espalhadas pelo chão, os machucados nas suas cascas deixavam escapar as suas
fragrâncias como grossas nuvens. Um campo recém cortado de feno era um fundo de
paisagem para o cheiro, a harmonia. Ele andou pela rua, tudo menos distraído
para a mulher, para entregar um pagamento por Rosalie. O céu lá encima estava
púrpura, laranja acima das árvores. Ele teria continuado vagando pelo caminho
das carroças e lá não teria nenhuma razão para lembrar daquela tarde, se não fosse
por uma repentina brisa que soprou os lençóis brancos como velas e levou o
cheiro da mulher até o rosto de Emmett.
– Ah. – Eu suspirei calmamente. – Como se a
minha própria sede não fosse o suficiente.
– Eu sei. Eu
não durei nem metade de um segundo. Eu nem pensei em resistir. – Sua memória se tornou muito explícita pra eu
agüentar.
Eu fiquei em
pé, meus dentes se trincaram forte o suficiente para cortar aço.
– Esta bien, Edward? – Señora Goff perguntou, assustada pelo meu brusco movimento. Eu podia
ver o meu rosto na sua mente, e eu sabia que eu parecia longe de estar bem.
– Me perdona. – eu murmurei, enquanto eu me lançava para a porta.
– Emmett... por
favor, puedas tu ayuda a tu hermano? – ela perguntou, gesticulando sem solução para
mim enquanto eu me apressava pra sair da sala.
– Claro. – eu escutei ele falar. E logo ele já estava bem
atrás de mim.
Ele me seguiu
até o lado mais longe do prédio, onde ele me alcançou e pôs a sua mão no meu
ombro. Eu empurrei a mão dele pra longe com uma força desnecessária. Teria
quebrado os ossos de uma mão humana, e os ossos do braço ligados a ela.
– Me desculpe,
Edward.
– Eu sei. – Eu
extraí profundas arfadas de ar, tentando clarear a minha cabeça e os meus pulmões.
– É tão ruim quanto aquilo? – ele
perguntou, tentando não pensar no cheiro e no sabor de sua memória enquanto ele
perguntou, não tendo muito sucesso.
– Pior, Emmett, pior.
Ele ficou
quieto por um instante.
– Talvez…
– Não, não seria melhor se eu acabasse logo com
isso. Volte para a sala, Emmett. Eu quero ficar sozinho.
Ele se virou
sem falar nenhuma palavra ou pensamento e caminhou rapidamente. Ele diria para
a professora de Espanhol que eu estava doente, ou matando aula, ou um vampiro perigosamente
fora de controle. A desculpa dele realmente importava? Talvez eu não voltasse.
Talvez eu tenha que partir.
Eu voltei pro meu
carro novamente, para esperar o final da aula. Para me esconder, novamente. Eu
poderia ter usado o tempo para fazer decisões ou tentar reforçar minha
explicação, mas, como um vício, eu me vi buscando através dos murmúrios de
pensamentos que emanavam do prédio da escola. As vozes familiares se
destacaram, mas eu não estava interessado em dar ouvidos as visões de Alice ou
as reclamações de Rosalie agora. Eu achei Jessica facilmente, mas a garota não
estava com ela, então continuei procurando. Os pensamentos de Mike Newton
tomaram a minha atenção, e eu acabei achando-a, em um ginásio com ele. Ele
estava triste, porque eu conversei com ela na aula de Biologia. Ele estava
pensando sobre sua responsabilidade quando algo surgiu do nada…
“Eu nunca o vi conversando com ninguém
nada mais que uma palavra aqui ou ali. Claro que ele acabou achando Bella
interessante. Eu não gosto do jeito que ele olha pra ela. Mas ela não parece
estar muito interessada nele. O que ela disse? “Imagino o que ele tinha na segunda
passada…” Algo assim. Não parece que ela tenha se importado. Isso não precisava
fazer parte de uma conversa…” Ele falou consigo mesmo sobre seu pessimismo daquele jeito,
confortado pela idéia de que Bella não estava interessada em sua troca de
palavras comigo. Isso me incomodou um pouco mais do que o aceitável, então eu
parei de escutá-lo.
Eu coloquei um
CD com músicas pesadas no meu som, e então aumentei o som até que não dava pra
ouvir mais vozes. Eu realmente tentei me concentrar na música para me manter
longe dos pensamentos de Mike Newton, para espiar a garota inocente…
Eu trapaceei
algumas vezes, enquanto chegava a hora. Não espiando, eu tentava me convencer.
Eu estava apenas me preparando. Eu queria saber quando exatamente iria sair do
ginásio, quando ela estaria no estacionamento… Eu não queria pegá-la de
surpresa. Enquanto os estudantes começaram a sair das portas do ginásio, eu
saia do meu carro, não sabendo por que eu fiz isso. A chuva estava fraca - eu
ignorei isso enquanto ela ia lentamente saturando o meu cabelo.
Eu queria
que ela me visse aqui? Eu esperava que ela viesse e falasse comigo? O que eu estava
fazendo?
Eu não me mexi,
apesar de eu estar tentando me convencer a voltar para o carro, sabendo que o
meu comportamento era repreensível. Eu mantive meus braços sobre o meu peito e respirei
bem devagar enquanto eu observava ela passar devagar por mim, seus lábios caídos
nas extremidades. Ela não olhou para mim. Algumas vezes ela lançou os olhos em direção
às nuvens com uma careta, como se eles a ofendessem. Eu estava desapontado
quando ela chegou no seu carro antes de passar por mim.
Ela devia ter
falado comigo? Eu devia ter falado com ela?
Ela entrou em
uma caminhonete vermelha desbotada da Chevy, um monstro robusto que é mais
velho que o seu pai. Eu observei ela dar a partida na caminhonete - o motor
velho roncou mais alto que qualquer veículo no estacionamento - e então, ela
botou suas mãos em direção ao vento quente. O frio era desconfortável para ela
- não gostava nem um pouco disso. Ela passou seus dedos pelos cabelos
emaranhados, esticando os nós através da corrente de ar quente, como se
estivesse secando-o.
Eu imaginei
como a boléia daquele caminhão deveria cheirar, e então rapidamente me desfiz
desse pensamento. Ela olhou ao redor enquanto se preparava para dar ré, e
finalmente olhou em minha direção. Ela olhou para mim por apenas meio segundo,
e tudo o que consegui ler em seus olhos foi surpresa, antes dela virar os seus
olhos pro outro lado e passar a marcha ré. E então freou repentinamente, e a
traseira da caminhonete ficou a alguns centímetros de bater no carro de Erin
Teague. Ela deu uma olhada no espelho retrovisor, sua boca aberta com o
constrangimento. Quando o outro carro passou por ela, olhou todos os pontos
cegos duas vezes e então saiu da área do estacionamento tão cuidadosamente que
isso me fez sorrir. É como se ela pensasse que sua caminhonete decrépita fosse
perigosa. O pensamento de Bella Swan poder fazer mal a qualquer um, não importa
que ela estava dirigindo, me fez rir quando passou por mim, olhando fixamente.
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