segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Resenha de "Girlfriend" por Larry Richman no TIFF 2010

Girlfriend é o primeiro longa metragem do escritor/diretor Justin Lerner. Eu o conheci e resenhei seu incrível curta "The Replacement Child" no festival de cinema de Santa Bárbara em 2008, então eu estava ansiosamente esperando pelo seu primeiro filme. É um incrível começo para esse talentoso jovem diretor, e excedeu minhas expectativas.
As estrelas do filme Evan Sneider (The Replacement Child), Shannon Woodward (The Haunting of Molly Hartley), Jackson Rathbone (A Saga Crepúsculo), e Amanda Plummer (Pulp Fiction).
Evan Sneider interpreta Evan, um jovem com Síndrome de Down que quer uma namorada e o estilo rico de vida que ele sempre acreditou que teria. Ele nunca se vê como uma vítima que precisa de piedade ou tratamentos especiais. Evan tem um grande coração e só quer alguém para compartilhá-lo além de sua mãe Celeste (Amanda Plummer). Ela vive por ele e ele por ela. O objeto de sua afeição é Candy (Shannon Woodward), que ainda têm sentimentos por seu ex-namorado Russ (Jackson Rathbone) enquanto ela procura alguém para sustentar seu filho.
Circunstâncias inesperadas mandam Evan para um caminho inimaginável, que mantém o telespectador sem saber se o próximo encontro será confortável ou perigoso. A empatia planta as sementes de desconforto e o suspense se constrói durante o filme.
Girlfriend tem a sensação do "indie americano" que eu procuro. A iluminação natural é usada sempre que possível, e os efeitos visuais são mantidos ao mínimo. O telespectador simplesmente assiste a história se desenrolar. A cinematografia habilidosa de Quyen Tran de filmar por janelas e portas - a técnica conhecida como moldura sobre moldura - ao invés de encher a sala de personagens. Para transmitir profundidade, Lerner e Tran desenvolveram um plano onde cada ator era filmado de certa maneira - Evan com closes, Rathbone com a longa lente - e é incrivelmente funcional em sua elegância.
O uso de longas tomadas sem diálogos é um dos mais poderosos elementos no filme. Períodos de silêncio podem dizer mais em uma cena, pois o telespectador é forçado a criar a conversa em sua cabeça. Atores que conseguem se comunicar com expressões faciais e simples gestos não precisam de falas para impactar o publico. É uma das mais dramáticas técnicas usadas em Girlfriend que me deixaram maravilhado.
Se você pudesse ouvir uma jóia, seria a mordaz música feita pela banda do ator Jackson Rathbone, 100 Monkeys. Os membros da banda - Rathbone, Jerad Anderson, M. Lawrence Abrams, Ben Johnson e Ben Graupner - compuseram e escreveram as músicas originais para o filme. O laço entre os compositores e o projeto é aparente - Rathbone estrela e co-produz, Anderson também atua e produz - e a coisa toda é maior do que a soma de suas partes.
É difícil separar alguém dentre um brilhante elenco, mas está claro que o filme é de Evan Sneider. Foi escrito para ele com muito amor, e isso aparece. Não é necessário que o enredo seja baseado em experiências reais. Sem ser explorativo, a narrativa de Lerner não mostra Evan como um suporte (e nem Evan). A história funcionaria mesmo se o personagem não tivesse Síndrome de Down, e isso é um testamento da sabedoria e sensibilidade de Lerner sobre o assunto.
Shannon Woodward põe seu coração e alma no papel de Candy. Você quase sente sua dor emocional quando ela luta para colocar comida na mesa e um teto sobre a cabeça de seu filho. O espectador é igualmente rancoroso com Russ, um vilão de primeira classe que nunca mostra um lado bom, exceto na decepção. A retratação de Rathbone está em grande contraste com a bondade que cerca os outros personagens. Ele é o mal personificado. É claro que Lerner deu aos atores uma chance de improvisar. Funciona pois eles claramente desenvolveram relacionamentos baseados na confiança - com o diretor ou os colegas de elenco. O diálogo sem roteiro parece autêntico por que é real.
Esse filme sobre (e com) um jovem com Síndrome de Down, possui cenas que podem deixar o público desconfortável, mas para mim, isso é uma das definições de arte - ela te move, te deixa feliz, triste, com raiva - te afeta emocionalmente em um nível profundamente pessoal. Girlfriend pode ser difícil de assistir, às vezes, mas é um daqueles filmes que merece o rótulo 'importante'.

Fonte: Pronetworks.net via JacksonRatboneSource

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