Desvendando os
Mistérios Humanos
Depois de deixar Bella na porta de casa digiri rapidamente em
direção à minha casa. Eu precisava me afastar, mas mesmo depois de 1Km, eu
podia sentir minhas mãos formigando e um tipo de corrente elétrica percorrendo
meu corpo ... talvez o resquício do que eu senti enquanto Bella ainda estava
dentro do meu carro ... a mesma corrente elétrica que sentimos na sala
assistindo o filme na aula de biologia. Era um tipo de campo eletro-magnético
que nos envolvia e que me puxava para perto dela, éramos como dois ímãs
carregados, eu era o polo negativo e ela o positivo, e esses se atraíam
mutuamente.
Eu sentia um tipo de angústia a cada metro que me separava de
Bella, algo estranho para mim ... algo que eu só passei a sentir depois de
conhecê-la pessoalmente, e não através da mente das dezenas de machos da
escola.
Com Bella eu me sentia mais ... humano.
Antes de conhecer Bella os meus dias eram sem graça, eu não
tinha motivação alguma, sentido algum ... eu simplesmente vivia, se é isso que
um vampiro faz. Eu tinha que aturar pela eternidade os 3 casaizinhos felizes e
eternamente apaixonados enquanto eu ficava pelos cantos da casa lendo um dos
milhares de livros de Carslile, ouvindo um dos meus milhares de CDs ou vendo um
dos milhares de DVDs de filmes humanos ... às vezes assistia TV ou tocava no
meu piano. Os programas de culinária me divertiam mais até que os filmes de
ação, era engraçado ver a animação em que os humanos saboreavam aquelas coisas
esquisitas que cozinhavam. Emmet era o que mais se divertia. “– Olha lá, Rose. Se fôssemos humanos você
ia estar na cozinha agora, fedendo a gordura.” – Era o que Emmet dizia para
implicar com ela.
Não demorou muito para eu chegar em casa, sempre dirigia
rápido aos olhos humanos. Bella, por exemplo parecia evitar olhar pela janela
quando estava no meu carro, mas eu adorava correr. Na verdade, correr era uma
das poucas coisas que eu gostava de fazer, além de tocar em meu piano e foi
exatamente isso que fiz assim que entrei em casa, sentei-me na bancada e
comecei a tocar a música de Bella, que passou a ser a minha favorita.
– O cara tá apaixonado mesmo ... – Emmet disse entrando na sala. – E aí,
Edward?
– Oi Em.
– Depois que você conheceu a garota
humana você tem tocado mais ... Esme tem comentado. – Ele veio mexendo comigo.
– Bella ... o nome dela é Bella. – Disse.
– Ok ... Ok. E como é que a Bella está se virando com a Sua sede? – Ele continuou querendo me provocar. Emmet tava doido para uma briga,
tava entediado.
– Ela é muito estranha ... nem liga,
cara. Tá ficando complicado. Hoje foi bem difícil ficar perto dela. – Falei sério e Emmet percebeu.
– Por que? O que aconteceu? – Emmet pareceu falar sério mas depois
voltou ao seu normal. – Você quase
matou ela por acaso?
– Não ... Bella está tão envolvida
quando eu, cara. Hoje pareceu que ia dar choque. – Disse a verdade, mesmo que ela parecesse improvável.
– Choque? Que isso, cara! – Ele não acreditou.
– Sei lá, parece que o ar fica
eletrificado entre a gente. Tá complicado. –
Disse já sentindo as minhas mãos formigando.
– Mas vocês ... – Emmet
queria saber se nós havíamos nos beijado.
– Claro que não, Emmet ... Seria muito
perigoso para Bella.
– Mas como você está aguentando? – Ele não entendia e começou a imaginar.
– Tá difícil demais. – Disse e a mesma sensação começou a
percorrer meu corpo só em lembrar dela. – A vontade tá muito grande, mas
não posso pensar nisso, preciso pensar na segurança dela. Senão o nosso tempo
será menor, e eu não quero que ele acabe.
– Por que você não transforma logo ela
e resolve isso? – Para Emmet isso seria a
solução.
– Você teria feito isso se Rosalie
fosse humana? Tiraria dela todas as oportunidades que a vida humana poderia
dá-la? – Fiz ele parar para pensar.
– Ok ... sei onde você quer chegar mas
...
– Não posso pensar no “mas”.
– Eu simplesmente não consigo ver como
vocês poderão resistir muito tempo. Se já está assim agora ... imagina daqui há
1 ano. – Emmet disse já rindo. Ele já – Você
vai surtar, cara! Não quero nem ver ...
– Eu também não ... por isso estou
pensando em uma forma de deixá-la, mas não encontro nenhuma forma que não nos
machuque. Eu não consigo mais imaginar minha vida sem ela, Em.
– Esme está curiosa. Ela é a única que
ainda não conhece a Bella.
– Eu sei. Mas Esme vai gostar dela ...
minha preocupação é com Rosalie. Não posso trazer Bella enquanto Rosalie não
cooperar.
– Vou tentar falar com ela, ok? – Ele me prometeu. Isso seria uma
preocupação a menos.
– Valeu mesmo, Em.
– Todos estamos felizes por você. – Pude ver que ele estava falando a verdade.
Em sua mente ele foi lembrando das palavras de cada um, exceto Rosalie. – Você
ficou décadas muito rabugento e andava com o ódio estampado na cara. Os humanos
tinham mais medo de você do que de mim ... de repente ficou com essa cara de
apaixonado. – Ele então terminou fazendo
piada, como sempre, mas já pensando em uma boa briga..
– Tá bom. Pelo menos não incomodo mais
vocês. – Respondi e antes que Emmet visse
com a história de travarmos uma briguinha no meio da floresta, me esquivei. – Cara,
vou nessa. Preciso caçar antes de ir para a casa de Bella.
– Você vai passar a “dormir” na casa
dela todos os dias? Quer que eu faça a sua mala ou você vai trazê-la para morar
com a gente? – Emmet fez piada.
– As duas opções são tentadoras. – Disse rindo para ele e já me levantando.
– Aposto que o dia em que ela cruzar
essa porta você não vai mais deixar ela voltar para casa. – Ele me incitou.
– E o que você quer apostar? – Peguei no ponto fraco de Emmet.
– Uhmmm. Vou pensar bem, mas quem sabe
uma boa briga? Mas uma pra valer. – Ele
propôs.
– Vou pensar nisso depois te falo. – Não cordei de cara por que eu sabia que
Esme e Rosalie reclamariam. Eu também não estava querendo provocar ninguém, só
queria ir ver Bella. – Deixa eu ir nessa. Avisa a Esme que eu só volto
amanhã de manhã. – Disse a Emmet mas Esme
me respondeu com a mente. “Ok. Eu ouvi. Comporte-se.” – Deixa pra lá ...
Ela já ouviu lá em cima.
– Vai nessa. Vou tentar pegar Jasper de
surpresa. – Emmet disse e em sua mente eu
via as inúmeras formas de Emmet agir.
– Você sabe que não vai conseguir. Essa
hora Alice já deve ter alertado o Jazz.
– Mas eu posso mudar de idéia ... e
tentar outra hora. – Ele disse
debochando.
– Boa sorte ... você vai precisar. –
Disse e depois corri.
Corri pela porta dos fundos e saltei o rio para a floresta do
outro lado. Os Herbívoros não eram tão saborosos quanto os carnívoros, mas era
melhor que nada, eu preciva me fortalecer para aguentar mais uma noite ao lado
de Bella, não poderia arriscar, ainda mais depois da energia que nos atraiu
hoje o dia todo. Ficar perto da Bella ainda fazia a minha garganta arder demais
... se não fosse as horas que passava ao seu lado durante a noite, que fazia
com que eu me acostumasse com seu perfume, não seria possível ficar perto dela
na escola. Eu precisava da sua presença quase que constante, senão eu
regridiria e ficaria muito mais difícil do que já era. Consegui derrubar alguns
cervos e me alimentar o suficiente para me sentir empasinado, mas nunca parecia
suficiente, era só pensar em Bella que a sede me queimava e a saudade apertava
em meu peito.
Saudade era uma sensação nova para mim, assim como o ciúme, e
como tudo que é novo gera uma ansiedade muito maior. Eu precisava me
familiarizar com os sentidos, costumes e modo de viver dos humanos,
principalmente os de Bella, que era a mais estranha de todos que já conheci. As
reações de dela sempre me pegavam de surpresa e para que isso não acontecesse
com muita frequência eu precisava me preparar. Enquanto eu corria para sua casa
eu já ia fazendo, em minha mente, uma lista das coisas que precisavam ser
esclarecidas, coisas que eu perguntaria a ela no dia seguinte.
Cheguei na cada dos Swan por volta da meia noite, eles já
deviam estar dormindo mas fui checar com cuidado. Perceber que o Chefe tinha
uma mente semelhante a de Bella era um problema, tinha que me policiar (sem
trocadilho), para não ser pego por ele. Uma ordem judicial era a última coisa
que eu precisava naquele momento, nem eu nem Bella aguentaríamos ficar longe um
do outro ... eu já havia percebido isso. A distância fazia mal tanto a mim
quanto a ela. Chequei primeiramente Bella e depois o Chefe Swan.
Bella estava dormindo profundamente quando me esgueirei por
sua janela, como fazia praticamente todas as noites. Ela estava linda, como
sempre, e seus cabelos emaranhados no travesseiro. Seu perfume, intranhado em
cada objeto do cômodo, invadiu meus sentidos, era sempre um sinal de boas
vindas mas eletricidade que sentimos no dia anterior começou a carregar o
ambiente. Não consegui me controlar naquele momento ... começei a me aproximar
de Bella e minha respiração começou a acelerar. Me ajoelhei ao seu lado e vi
que Bella ofegava também. Ela estava sentindo o mesmo ... mesmo dormindo. “Edward.”, ela chamava por mim e se
revirava na cama. “Eu estou aqui, meu
amor.”, eu pensava ... queria poder dizer em voz alta. O desejo de sentir
sua pele ... sua boca na minha boca era cada vez maior, parecia que me atraía
cada vez mais, mas não era o desejo pelo sangue ... era pelo corpo dela, por
sua boca, desejo de beijar seu pescoço, sentir seu perfume . “Emmet tinha razão, como conseguirei ficar
perto dela sem pensar em tê-la?”, eu pensava. Me aproximei mais, aos poucos
eu chegava mais perto de sua boca, não conseguia controlar ... Bella então
suspirou. Isso foi demais, senti o veneno enchendo minha boca, Bella começou a
ofegar mais e seu coração disparou. “Ela
vai acordar ... Preciso sair”, pensei e corri para o telhado na hora em que
Bella acordou me chamando. Charlie quase acordou no outro cômodo.
– Você está doido mesmo né, Edward? – Me disse Alice assim que eu me sentei no telhado. Ela conseguiu me
pegar de surpresa. Eu estava tão envolvido e assustado que nem percebi sua
chegada. “Tenho que ter mais cuidado”, pensei.
– O que você está fazendo aqui, Alice? – perguntei meio zangado. Eu não ia fazer nada. Pelo menos era disso que
eu me convencia o tempo todo.
– Eu vi você próximo demais dela e vim correndo. Quase
cheguei atrasada, não é mesmo?
– Não, Alice. Eu não ia avançar, eu estava controlado. – Garanti
– É mesmo? E esse cheiro do seu veneno ... tá vindo de onde?
– Ela disse se aproximando e cheirando
perto da minha boca.
– Mas eu estava controlado. Alice, eu preciso de alguma forma
me acostumar com Bella ... senão terei que ir embora para não mais voltar ...
Eu a amo e não quero ter que partir.
– Eu sei disso, mas não vejo essa possibilidade na sua vida
... pelo menos por um bom tempo.
– Mas você vê que isso pode acontecer? – Essa informação me assustou. O que poderia acontecer de tão grave para
que eu a deixasse? Teria que ser algo muito grave ... para ela.
– Não é nada certo ... não fique ansioso. Você sabe que as
coisas sempre podemos mudar, mas uma coisa é certa, vocês nunca mais deixarão
de se amar. – Daquela informação eu
gostei.
– De minha parte eu posso ter certesa, mas dela ... eu não
conheço muito bem sua vida ... o que ela viveu antes daqui. – Disse para Alice o meu maior e único medo.
– Mas vai ... amanhã. – Alice
me disse sorrindo. – E ela vai te contar tudo o que você quer saber ...
Agora vái lá, ela não vai acordar pelas próximas 2 horas pelo menos ...
Comporte-se. – Alice então correu para a
floresta e eu voltei para o quarto de Bella.
Fiquei lá, sentado ao lado da cama de Bella, por muito tempo,
vendo seu peito subir e descer, ouvindo as batidas do seu coração e memorizando
cada centímetro de seu rosto. Era uma preparação. Nós havíamos combinado o
passeio no sábado ... eu a levaria na campina. Só de pensar em ficar só com
ela, minha respiração foi acelerando, e a eletricidade no quarto, que não havia
desaparecido, se intensificou. Eu quase beijei Bella naquela hora ... ela
começou a dizer que me amava, que me queria perto. Era irresistível o desejo e
me aproximei. Meus lábios ficaram há 1 centímetro do dela e quando Bella
suspirou tive que lutar muito ... seu hálito me invadiu ... minhas mãos quase
tocaram seu rosto. “Não!”, gritei na
minha mente e me afastei. Sentei abraçando as minhas pernas, controlando minhas
mãos que pareciam ter vontade própria. Aquilo tudo era novo para mim e muito
intenso ... minha respiração se acelerou junto com a de Bella que começou a se
revirar na cama. Naquele dia foi muito difícil ficar então fui embora mais
cedo, antes do sol pensar em nascer, Bella também precisava descançar e a minha
presença estava deixando ela muito agitada.
– O que você já está fazendo em casa? Pensei que só voltaria
para irmos para a escola. – Emmet me
disse assim que eu entrei pela sala. Ele estava jogando o super xadrex com
Jasper.
– Não ... precisei sair antes. – Informei a ele. Sua mente ficou curiosa.
– Por que? Ela te pegou? – Ele disse rindo. – Com ela você não pode trapacear.
– Não. Quase beijei ela. – Assim que disse Emmet deu uma gargalhada. – A culpa foi sua ... fica colocando coisas na
minha cabeça.
– A culpa não é minha. Você que não se contém, cara! Tá
escrito na sua cara. – Ele continuava a
rir.
– Só quero ver até quando ele vai aguentar. – Jasper disse a Emmet.
– Esme tá querendo conhecer ela. Só quero ver se ele vai
levar ela de volta quando trouxer ela aqui. – Emmet contou a Jazz.
– Ele vai trazer ela aqui? – – Você está louco, Edward? – Jasper me disse. Em sua mente pude ver o
medo que ele sentia. A proximidade de humanos ainda era difícil para o meu
irmão mais velho.
– Não sei ... acho que sim. Mas não vai ser logo, não se
preocupe. – O assegurei.
– Ahahaha. Duvido! Você tá doido para trazer ela. – Emmet provocou. – E aí Jazz vamos fazer
uma apostasinha inocente? – Emmet
sugeriu. – Quanto tempo ele vai demorar para trazer a humana?
– Ok. Para mim não demorará nem 2 dias. – Jazz concordou e riu.
– Vocês fazem qualquer coisa por uma aposta, não é? Não me
incluam nisso. – Os acusei. – O que
vai ser dessa vez?
– Ei ... você é o ator principal, tudo depende de você. – Emmet me disse.
– Ei, Emmet. Nada de forçar! Assim é trapaça. Vamos deixar a
coisa correr. – Jasper falava rindo junto
com Emmet. Fiquei alí no meio do fogo cruzado.
– Ah! Chega. Vou pro meu quarto. – Disse e saí da sala. Deixei os dois discutindo o prêmio envolvido nessa
aposta.
– Não quero essa humana aqui, Edward. – Rosalie me disse assim que subi a escada. Eu sabia que ela estava
escutando tudo. Em sua mente vi que ela iria conversar com Emmet, não gostava
da “força” que ele estava me dando.
– Não se meta nisso, Rosalie. – Foi somente o que eu disse. Me virei e fui para o meu quarto.
Assim que cheguei no meu quarto me deitei no único sofá que
eu tinha e liguei o som alto para que as mentes de todos não me atrapalhasse...
Fiquei pensando em Bella ... Naquela hora é que me dei conta de mais uma
diferença entre nós. Em seu quarto havia uma cama ... no meu um sofá. Ela
dormia ... eu não. Já ia mudar de roupa para buscar Bella quando Emmet entrou.
– Você vai com a gente hoje? – Emmet me perguntou. “Como se eu não soubesse a resposta”, ele pensou.
– Você já sabe a
resposta. – Disse.
– Vou buscar Bella.
– Perdemos mesmo a carona. – Ele disse rindo. – Diga “Oi” para ela por mim, ok?
– Ok. Pode deixar. – Ri
para ele. – Ela te acha assustador.
– Ela me acha assustador? ... Uhmmm Bom... – Emmet me disse e já começou a pensar em
formas de brincar com Bella.
– Nem pense nisso, ok? – Pedi
a ele.
– Ok..Ok. Só brincadeira. Tô só te provocando. – Ele me disse e se virou para sair. – A
gente se vê na escola. – Assim que Emmet
saiu eu tomei meu banho e mudei de roupa rapidamente para sair.
Cheguei rápido na rua paralela a casa de Bella e fiquei
aguardando até que o Chefe Swan tivesse a real intenção de sair.
"– Eu
não vou ao baile ,pai" – Bella estava dizendo ao pai assim que eu
cheguei.
"– Ninguém
te convidou?". – O Chefe Swan perguntou meio confuso. Ele pensava que
alguém fosse convidar a filha, isso o preocupou.
"– É
uma escolha das garotas". – Bella respondeu e para a minha alegria ela
já havia dispensado os possíveis pretendentes. Só não entendi por que ela não
contou a seu pai que havia recusado.
"– Oh"
– Foi só o que o Chefe disse a ela e na sua mente entendi.
O Chefe Swan não conviveu muito com a filha desde sua
separação com a mãe de Bella, mas a conhecia o suficiente para entender que
Bella não chamaria um rapaz para ir a um baile ... nunca. Bella era
completamente desastrada desde criança ... nunca foi boa dançarina ou
esportista, mas sempre foi muito inteligente. “Interessante”, pensei. Era mais uma coisa para juntar a lista de
“Coisas sobre Bella”.
Assim que o Chefe decidiu ir para a delegacia liguei meu
carro e fiquei esperando mais um pouco ... a viatura não tardou em partir e eu
já estava lá, esperando por ela. Eu estava meio excitado pela sua chegada, isso
era estranho, eu parecia aqueles adolescentes dos filmes humanos esperando pela
namorada. “Acalme-se Edward.”, eu
pensava enquanto esperava.
Ouvi Bella se aprontando no andar de cima mas logo desceu. A
cada metro que Bella percorria minha respiração acelerava. Indiscutívelmente eu
estava definitivamente atraído fisicamente por Bella, não tive condições de
sair do carro. “Acalme-se Edward.”,
eu pensava enquanto Bella se aproximava do carro. Vesti então a máscara de
casualidade e ela entrou no carro.
– Bom dia. – disse olhando nos olhos castanhos mais lindos
que eu já havia visto. – Como você está hoje?
– Bem ,obrigada. – Ela
me respondeu mas eu vi as olheiras sob seus olhos.
– Você parece cansada. – Comentei.
– Eu não conseguí dormir. – Ela confessou e tentou esconder o rosto. Eu controlei a vontade de
tocá-la. “Não esconda seu lindo rosto de mim, por favor.”, pensei.
– Eu também não. – Brinquei
com ela e ela sorriu para mim. .
– Eu acho que está tudo bem. Eu só dormí um pouco mais que
você. – Bella entrou no clima.
– Eu aposto que sim. – Completei.
– Então,o que você fez na noite passada? – “Fiquei do lado da sua cama te vendo dormir,
meu amor.”, pensei. Imaginei qual seria a reação dela se eu falasse alto e ri
da idéia.
– Sem chance. Hoje é meu dia de fazer as perguntas. – Eu descobriria mais sobre ela.
– Ah, é mesmo. O que você quer saber? – Bella me disse mas pareceu não gostar de ter que revelar algo mais
sobre ela.
– Qual é a sua cor favorita? – Fiz uma pergunta simples. Teria que começar devagar e não saindo de
cara perguntando sobre sua vida amorosa. Só em pensar na idéia de outro a
tocando me deu muita raiva. “Acho que ela percebeu”, pensei.
– Muda todo dia. – Ela
me respondeu depois de revirar os olhos. “O que eu perguntei demais?”, pensei.
– Qual é a sua cor favorita hoje? – Tentei ser mais específico então.
– Provavelmente marrom. – “Marrom?”,
pensei.Não entendi e bufei por não entender suas reações.
– Marrom? – Perguntei
confuso.
– Claro, marrom é morno. Eu sinto falta do marrom. Tudo que
era pra ser marrom ... troncos de árvore, pedras, terra ... está coberto de verde aqui. – Bella se explicou.
Concordei com a idéia dela ... em parte. Marrom para mim não
era apenas morno, era quente ... muito quente. Era a cor dos olhos de Bella,
marrom chocolate. Os olhos que me aqueciam, que me prendiam, que me fazia
suspirar internamente. Era sempre para aqueles olhos marrons que eu ia sempre
que podia, era sempre para eles que eu olhava.
– Você está certa. Marrom é morno. – Disse e me aproximei mais.
Afastei lentamente uma mecha de seus cabelos que impedia a
minha visão dos olhos marrons que me atraíam. Bella me olhou de lado e vi um
pequeno sorriso surgindo. Seguimos então em silêncio para a escola.
No caminho Bella não falou nada, ela só pensava e eu ia
ficando cada vez mais curioso. Eu ia pensando nas perguntas que faria para
Bella durante o dia, queria conhecê-la melhor, saber de seus gostos. Eu queria
comprar algo para ela, mas não sabia o que, queria que ela desfrutasse de tudo
o que eu pudesse lhe dar, mas não sabia se ela aceitaria.
Assim que chegamos na escola vi que o carro de Rosalie já
estava lá, e era observado por vários garotos à distância. Estacionei o meu,
pela primeira vez ninguém parecia perceber.
– Qual é a música que está tocando no seu CD palyer nesse
momento? – Assim que falei me dei conta
do deslize. Eu já sabia qual seria a banda, eu tinha visto em seu quarto há
algumas noites e eu havia comprado para conhecer seu gosto peculiar.
– De Debussy pra isso? – Disse
tirando o CD de dentro do porta-luvas do carro. “Será que ela vai desconfiar?”,
esse deslize poderia me entregar, então disfarcei e dei um meio sorriso para
ela. Bella sempre parecia se desmanchar quando eu quase mostrava minhas presas.
Ela olhou o CD mas não falou nada. “Interessante”, pensei.
O estacionamento estava cheio mas mesmo assim me apressei para
abrir a porta do carro para ela. Bella não estava acostumada a ser tratada como
uma dama, mas ela teria que se acostumar. Assim que ela saiu do carro sorriu e
seguimos para a aula.
Mike Newton nos observava de longe e Bella não pareceu
perceber.
“– Droga. Ele agora
traz ela para a escola todo dia também?”, ele pensava, mas como Bella nem notou ignorei seus
pensamentos seguintes.
Caminhamos juntos até a sua aula de inglês e em todo trajeto
os machos da escola me odiavam, afinal eu fui o escolhido entre todos,
justamente o “esquisito”. Mal sabiam
o quanto “esquisito” eu poderia ser
com eles. Bella novamente nem notava, na verdade ela estava bem à vontade do
meu lado.
– Bem ... qual seu filme preferido? – Disse tirando Bella de seus pensamentos.
– Romeu e Julieta. – Ela disse e sorriu. “Romeu ... claro, romântica.”
– Mas esse é antigo ... – Eu ia contestar mas ela me interrompeu.
– Gosto de coisas antigas. – Ela me disse e sorriu.
– Uhmm. Bom saber. Você então gosta de vinhos antigos,
pinturas antigas ...
– Não bebo, mas gosto de pinturas
antigas. – Ela disse e abriu mais um
sorriso.
Deixei Bella na porta da sala onde ela teria aula de inglês.
Não queria ter que ir mas era preciso, Bella precisava estudar. Na porta da
sala, assim que Bella se virou para se despedir eu acariciei sua face e ela
sorriu. “Aqui não!”, pensei e me
virei.
Todo o caminho até a minha aula eu acompanhava pela mente dos
colegas de classe de Bella suas reações. Ás vezes ela sorria para si mesma, às
vezes fechava a cara. Acho que eu acompanhava suas reações, por que Emmet
ficava o tempo todo me olhando ... tentando descobrir o que eu estava pensandou
ou ouvindo.
– Você anda muito estranho, os
professores estão percebendo. – Emmet
cochichou do meu lado já quase no final da aula.
– Não consigo evitar. – Disse a ele rindo.
– Essa humana mexeu mesmo com você... – Emmet disse rindo. – Acho que vou
ganhar a aposta.
– Não me envolva nisso. Nem quero saber
... – Disse a ele, mas já sabia de tudo.
– Vou nessa. Depois a gente se fala.
Assim que a minha aula acabou fui rapidamente, mas num ritmo
humano, buscar Bella na sua sala e fomos juntos, caminhando para o prédio em
que ela tinha aula de Espanhol. Continuei com o meu questionário. “Qual filme você detesta? ... Qual a sua
comida preferida? ... Qual comida você detesta?”, e Bella respondia sem
reclamar.
Deixei Bella na aula de espanhol e segui para a minha aula,
mas antes acariciei novamente seu rosto, e novamente senti a ponta dos meus
dedos formigarem. O tempo todo eu gostaria de poder tocá-la ... andar de mãos
dadas ou abraçado a ela pelos corredores
da escola, como um casal de namorados normais, mas nós nunca seríamos isso. Na
hora do almoço comprei seu almoço e ficamos juntos na nossa mesa.
– Você se incomoda com as minhas
perguntas? – Perguntei a Bella.
– Não ... ontem você respondeu a tudo o
que eu lhe perguntei. – Ela me respondeu.
– Mas você só está respondendo por
causa disso? – Fiquei intrigado.
– Não. – Foi só o que ela disse e sorriu ainda com a cabeça baixa.
– Você gosta de ler? – Perguntei já sabendo a resposta.
– Sim. Muito. – “Claro! Eu vi os livros na cabeceira de sua cama.”
– Já leu quantos livros? – Essa era uma coisa que eu queria saber. Eu
tinha visto os livros no quarto dela, mas isso era uma rotina ou ela apenas leu
por que tinha no quarto de seu pai?
– Já perdi a conta. – Isso era bom. “Uhmm Leitora assídua”,
pensei.
– Então ... qual seu romance preferido
... além de Romeu e Julieta?
– Fácil ... Eu gosto de Orgulho e
Preconceito e Morro dos Ventos Uivantes entre muitos, mas atualmente tenho
relido esses. – Ela disse sorrindo.
– Até entendo o Orgulho e Preconceito
mas ... Morro dos Ventos Uivantes? – Não
conseguia ver graça na desgraça daqueles dois. – Como você pode gostar de Heathcliff
e Catherine?
– Eles tem seu encanto ... Você já leu?
– “Que pergunta!”
– Sim ... E Sr. Darcy e Lizie
também.
– E qual seu preferido? – Ela me disse rindo.
– Nem pensar, Bella. Hoje é meu dia. – Sorri de volta.
Continuei então com as minhas perguntas.
– Me diga uma coisa...
– Sim. – Ela me olhou e disse depois de perceber que eu não continuei.
– Você já teve muitos namorados? – Fiz a pergunta torcendo por uma resposta
negativa.
– Não. – Ela disse e eu não perguntei o “por que?”.
– Uhmmm. – Foi só o que eu disse. – Você já viajou muito pelo país?
– Não ... não muito. – Ela disse com ar meio triste.
– Gostaria? – “Eu te levo para onde você quizer ir”, pensei.
– Sim. – Ela foi infática.
– Lugar quente ou frio? – “Frio!”, pensei.
– Depende. – Ela me disse.
– Depende de que?
– Da época. Não sei dizer o que eu iria
querer agora. Acho que um lugar frio estaria bom... agora. – Ela me disse sorrindo e sua
face ficou corada. Resolvi mudar de assunto para não deixá-la nervosa. Mas
fiquei curioso.
– Qual sua cor favorita?
– Topázio. – Bella disse e seu rosto ficou corado novamente. “Por que ela está com
vergonha?”
– Me diga.
– É a cor dos seus olhos hoje. – Ela disse de cabeça baixa e suspirou
enquanto uma onda de calor me invadiu naquele momento, o desejo de tocá-la
estava muito grande. – Eu acho que se você tivesse me feito essa pergunta a
duas semanas atrás eu teria dito que era o Ônix. – Ela completou envolvida e olhou nos meus olhos.
Ficamos parados alguns minutos nos encarando, analizando um ao outro até
que nossas respirações começaram a acelerar e a eletricidade ressurgiu.
– Que tipo de flor você prefere? – Precisava mudar de assunto.
Bella respondia a todas as minhas perguntas, enquanto eu ia
analizando todas as suas reações cuidadosamente, precisava saber o que falar e
a hora certa de falar. Descobri grande parte de sua personalidade, mas sentia
que ela editava muito antes. Em parte isso era minha culpa, eu tinha deixado
claro, algumas vezes, que não era bom ela se envolver tanto comigo, mas já era
tarde, como ela mesma me falou uma vez. Ficamos no refeitório até a hora da
nossa aula de biologia, quando saímos, juntos, e caminhamos para a nossa aula.
Pelo menos nesse tempo eu poderia ficar perto dela. Aproveitei que o Sr. Banner
ainda não tinha chegado para fazer outras perguntas à Bella.
– Uhmm. Bem. Sua família é muito
grande? – Essa era uma pergunta
importante, já que eu teria, talvez ... que conhecer alguém além do Chefe ...
um dia.
– Não muito. Basicamente sou eu, meu
pai e minha mãe. Ah! Tem o marido dela, que agora faz parte de minha família. – Ela disse, mas uma pequena ruga se formou
entre seus olhos.
– Você aceita agregados, então? – “Tipo irmãos do namorado ... mãe e pais
adotivos”, pensei.
– Sim. Sempre quiz ter uma família
grande. – Ela disse agora com um humor
melhor. – Mas meu pai não se casou de novo e minha mãe só agora encontrou
uma pessoa legal.
O professor teve uns problemas para conseguir trazer todo o
equipamento... uma TV velha e um Vídeo Velho, da outra sala para a nossa. Assim
que ele entrou na sala foi em direção ao interruptor da luz. Me afastei um
pouco de Bella e quando ele apagou as luzes, foi como um start ... como se ao
apagar a luz da sala, a energia viesse para mim e de mim para Bella. Senti
minhas mãos formigando, novamente querendo tocá-la. O coração de Bella
disparava cada vez mais, junto com a minha respiração. Eu fazia o possível para
me controlar e ela fazia o mesmo enquanto se inclinava na mesa e não olhava
para mim. Mesmo no escuro eu conseguia ver que suas mãos estavam agarradas na
mesa. Estávamos definitivamente envolvidos fisicamente. Essa energia parecia
fazer com que o meu coração, há muito silencioso, pudesse dar sinal de
humanidade.
Mike Newton, que sentava algumas mesas atrás da nossa ficava,
observando nosso comportamento o tempo todo. Ele ainda me odiava então estava
muito animado coma próxima aula, ele a teria com Bella.
“– Se eu estivesse do
lado dela não estaria tão longe ... idiota.”, ele pensava e me irritava cada vez mais. – “– Mas é comigo que ela estará em breve
... na educação física. Engula essa esquisito!”.
Bella não olhou para mim nenhuma vez, como fez ontem, mas eu
não tirava os meus olhos dela, ficava fitando seus cabelos e ouvindo seu
coração galopar enquanto, infelizmente Mike Newton continuava a gritar insultos
contra a minha pessoa em sua mente. Assim que o filme terminou Bella suspirou,
acho que aliviada quando as luzes se acenderam, não soube dizer. Assim que
Bella relaxou olhou para mim, seus olhos eram chocolates derretidos pela
excitação que a eletricidade nos causava.
Infelizmente Mike Newton tinha razão... Ele ficaria com ela,
pelo menos na próxima aula. O ciúme começou a me incomodar realmente. Levantei
em silêncio e esperei por ela. Caminhamos juntos sem falar nada até o ginásio,
eu estava angústiado por saber que ficaria longe dela novamente. Lá dentro Mike
já estava ansioso esperando por Bella. Não gostei nada mas eu não tinha o que
fazer, Bella tinha a aula dela e eu
(infelismente) a minha ... não poderia simplesmente levá-la de lá sem despertar
mais a atenção de todos. Quando
chegamos à porta do ginásio Bella se virou, como fez ontem e em seu rosto pude
ver a angústia. Acariciei seu rosto da têmpora até a mandíbula, mas dessa vez
com as costas da minha mão ... meus dedos estavam dormentes, eles ficaram
formigando durante todo a aula de biologia e deviam estar mais gelados que
nunca e isso poderia incomodá-la. Antes que meus dedos acariciacem seus lábios,
por que era isso que eles queriam, me virei e fui para mais uma maldita aula
... longe dela.
– Edward? – A professora de Espanhol me perguntou de repente. Via em sua mente
que ela havia me feito uma pergunta, mas eu não ouvi. “Estranho ...”, pensei.
– Si, señora Goff? – Respondi num espanhol perfeito.
– ¿estás bien? – Ela me perguntou.
– Sí Señora.
Durante toda a minha aula de espanhol, fiquei prestando a
atenção na mente dos colegas de aula de Bella, seguindo e observando seus
movimentos. Ela ficava mais quieta em seu canto do que participando, ela
observava enquanto Mike Newton jogava. Mike achava que evitando Bella faria com
que ela o percebesse. “Idiota”,
pensei. Eles não se falavam ... “É ...
acho que dar um gelo nela tá fazendo efeito ... Olha como ela parece triste. De
repende ela e o Cullen não estão tão bem assim, ela não pode estar gostando do
esquisito ... não ... não pode.”, ele pensava, mas eu preferia acreditar
que Bella estava triste pelo mesmo motivo que eu, não estávamos juntos.
Mal terminou a minha aula e a de Bella, fui para o ginásio
esperá-la. Bella tropeçou algumas vezes quando ia para o vestiário ... Ri em
pensamento, mas Bella não demorou hoje, na verdade foi mais rápida que ontem.
Não consegui evitar ... assim que senti seu perfume uma onda de calor,
felicidade e alívio me envolveram e logo Bella estava vindo para mim. Assim que
ela apareceu suas feições mudaram drasticamente, um sorriso largo apareceu em
seu rosto e eu retribuí com outro sorriso ... não consegui evitar. Ficamos
felizes juntos.
Fomos caminhando silenciosamente até o meu carro, debaixo dos
olhos curiosos dos humanos que estavam no estacionamento. Muitas meninas
invejavam Bella ... “Ela é tão sem graça
e desastrada. O que ele viu nela?’, os machos me odiavam por ter sido o
escolhido, na mente deles eu era um cara despresível ... “Ele nunca pegou nenhuma garota daqui ... Porque foi querer logo ela?”,
eles pensavam .
– Você tinha muitos amigos na sua
outra escola? – Continuei perguntando
coisas sobre a sua vida assim que entramos no meu carro.
– Não, só algumas amigas. Nosso grupo
era pequeno, já que não nos encaixávamos muito. – “Nem eu”, pensei.
– Por que?
– Não fazíamos parte do grupo de
esportistas ou líderes de torcida. – Ela
respondeu rapidamente, como se isso fosse óbvio.
– Uhmm... Então o que você e seus
amigos faziam para se divertir?
– Eu e minhas amigas, sempre íamos à cinema ... trocávamos livros ... essas
coisas. – Ela foi infática nas “amigas”.
– Amigas? E os ... uhumm ... amigos?
– Não tinha muitos ... amigos.
– Sei ... e namorados? – Eu ainda estava curioso.
– Não. – Ela me disse, fechou a cara e ficou pensativa olhando pela janela.
– Ok. Você sente falta dos amigos ...
quer dizer, das amigas? – Disse
provocando ela.
– Senti ... mas não agora ... não mais.
– Ela disse de cabeça baixa e corada.
– Isso é bom ... Uhmmm ... Você sente
falta da sua casa ... da sua mãe?
– Sim. – Foi só o que ela disse. Senti que Bella ficou triste ... não queria
que ela ficasse triste.
– Fazia muito sol onde você morava? – Sol ... esse era um assunto que imaginei
que ela gostaria de falar.
– Sim ... muito.
– Você sente falta do sol? – Isso era um ponto importante.
– Sim, mas já senti mais.
– Como é viver em um lugar onde o sol
sempre está presente?
– Bem ... é bom. Não é preciso usar
tanta roupa. – Ele disse e riu. – As
roupas são mais confortáveis e não parecem com um equipamento alienígena.
– Me conte mais ... – Pedi.
Bella
então começou a contar com detalhes como era sua vida antes de Forks. Ela
parecia estar feliz alí comigo, dentro do meu carro, mesmo debaixo de muita
chuva. Percebi que ela se sentia bem e emplogada em contar sobre como era a sua
vida, sobre coisas que eu nunca tinha tido a oportunidade de presenciar, ou se
já havia não lembrava. As lembranças humanas vão desaparecendo aos poucos. Era
ótimo ouvir tudo o que ela me contava, eram coisa incríveis para mim ... como
ela. Em alguns momentos eu é que me senti angustiado ou até mesmo triste, como
quando ela contou sobre a extensão do céu azul que cobria sua casa e sua vida
todos os dias. Realmente deve ter sido muito difícil para ela se mudar para um
lugar chuvoso, úmido, frio e às vezes sombrio como Forks.
Aquela tarde foi maravilhosa para mim, e acho que para ela
também. Desde que a conheci, foram poucas as vezes em que vi Bella sorrindo,
mas hoje foi diferente, principalmente naquela última hora. Mas meu tempo estava
acabando, ouvi longe a mente de Charlie.
– Você já acabou? – Bella me perguntou quando eu não falei mais.
– Nem perto ... mas o seu pai vai
chegar logo em casa. – “E eu infelismente
tenho que ir...”, pensei triste por ir embora. Queria ficar.
– Charlie! – Bella se assustou. Ela olhava para fora do carro e fez uma careta.
– Que horas são?
– É o crepúsculo. – Murmurei para ela.
Bella não entenderia como é difícil para alguém como eu ter
que viver durante tanto tempo nas sombras, no escuro da noite, sem nunca poder
ficar ao sol, ir à praia, desfrutar da natureza sem assustá-la, ter um
cachorro, como ela disse gostaria de ter ... coisas humanas e “normais” que eu
gostaria de desfrutar com ela. Estar sempre à espreita, alerta por que de uma
hora para outra teríamos que nos mudar ...
– É a hora mais segura do dia pra nós.
A hora mais fácil. Mas, também mais difícil, de certa forma...o fim de outro
dia, o retorno da noite. – “A hora em que
eu tenho que deixá-la.” – A escuridão é tão imprevisível, você não acha? – Disse meio melancólico e triste.
– Eu gosto da noite. Sem a escuridão
não poderiamos ver as estrelas ... Não
que elas apareçam muito por aqui. – “É
verdade ...”, pensei. Bella sempre fazia o possível para enxergar um lado bom
em tudo.
– Charlie vai chegar em alguns minutos.
Então, a não ser que você queira dizer pra ele que estará comigo no Sábado...
– Obrigada, mas não, obrigada. – Bella agradeceu e segurou seus livros.
Queria poder eu mesmo a levar até sua porta, mas seu pai chegaria logo.
– Amanhã é minha vez, então?
– Cetamente não! – Eu ainda queria saber mais ... muito mais sobre ela ... 17 anos de
Bella não poderia ser descritos em apenas uma tarde. – Eu disse que ainda
não tinha acabado, não disse?
– O que é que ainda falta? – Ela me perguntou.
– Você vai saber amanhã. –
“Curiosa, com certesa.”, pensei. Me aproximei mais de Bella e estendi meu braço
passando por cima dela para abrir a porta, já que ela tinha nos braços todos os
seus livros. O coração de Bella saltitou com a minha proximidade mas nem pude
desfrutar daquele momento. –Isso não é bom. – Falei baixo assim que ouvi uma voz conhecida, era um Quileute, Billy
Black e seu filho Jake. Eles estavam vindo para a casa de Bella.
– O que foi?
– Mais complicações. – Billy Black estava vindo sondar a minha
relação com Bella e principalmente, tentar descobrir até onde tinha
conhecimento sobre mim e minha família.
Abri rapidamente a porta para Bella saísse, não queria
confusão para ela, ainda mais que seu pai se aproximava. Logo os faróis do
carro dos quileutes nos atingiram.
– Charlie está na esquina. – Avisei a Bella, isso com certesa a faria
sair mais rapidamente.
“Aquele sanguessuga
maldito.”, Billy
pensou assim que me reconheceu e eu o encarei mesmo depois que Bella havia
saído, é claro que ela percebeu.
Antes do Chefe Swan virar a esquina e
eu causar problemas para Bella, liguei meu carro e fui embora sem me despedir
de Bella, o que foi imperdoável.
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